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Amigos da Umbanda!!! Saravá aos Pretos Velhos e Pretas Velhas!!!!!!!

sábado, 16 de abril de 2011

Os mistérios do Rosário na visão de uma Umbandista.

 

Todos nós cristãos sabemos reconhecer o valor da oração, mesmo quando adotamos diferentes nomes para nos referirmos a este ato que, segundo palavras de Santo Agostinho (1861) é “... dever primordial de toda criatura humana, o primeiro ato que deve assinalar a sua volta à vida ativa de cada dia...”.
Quando oramos, rezamos ou fazemos uma prece[1] podemos fazê-lo com vários objetivos, como: agradecer, confortar e pedir. Porém, todos estes passam por um caminho comum: a comunicação com o mundo espiritual. Todo cristão se utiliza deste instrumento para se comunicar com esferas superiores, pois o próprio Cristo assim nos ensinou
“Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á.”(Mateus 6: 6).
Fiéis Umbandistas se utilizam em seu repertório de comunicação com Aruanda orações tipicamente católicas como a Ave Maria, Salve Rainha e até mesmo o Terço, algumas vezes mais do que a própria prece espontânea. E, na maioria das vezes, a escolha dessas orações não se dá pelo fato de existirem umbandistas que já foram católicos anteriormente, mas sim a pedido das próprias entidades.
Historicamente temos conhecimento de inúmeros pretos velhos, pretas velhas, caboclos, caboclas, boiadeiros, entre outras entidades que, quando encarnadas passaram por processos de catequese através da forte campanha da Igreja Católica em nosso território, e tendo como peça chave a Companhia de Jesus. Com isso, esses espíritos se viram obrigados a professarem uma outra fé. Hoje pensamos nesse processo como um ato de violência contra a cultura de um povo, porém a espiritualidade tem caminhos que só na espiritualidade saberemos compreender, e esse caminho tortuoso no passado serviu para que muitos desses espíritos, escarnados em tribos de costumes selvagens se encontrassem com Cristo e conhecessem algo, mesmo que rudimentar, sobre alma e vida eterna.
O objetivo da introdução aqui é tão somente justificar a utilização de orações católicas por parte de entidades em terreiros de Umbanda. Sobretudo quando nos deparamos com vovós como Tia Maria da Bahia, Tia Maria de Minas e Vovó Maria Quitéria de Aruanda trabalhando em seus tocos utilizando um terço nas mãos, e recomendando esta oração aos filhos de fé.
Se alguém algum dia recebeu essa recomendação, ou conhece alguém que recebeu continue lendo este texto, pois o que você verá a partir daqui é uma perspectiva de oração do Rosário que os verdadeiros filhos de fé devem se utilizar para ir ao encontro do verdadeiro sentido contido na recomendação destas queridas vovós mencionadas acima.
O Rosário atualmente é formado por quatro terços, que devem ser rezados em diferentes dias da semana contemplando diferentes mistérios. Ele (o rosário) é uma oração incrivelmente poderosa!
Muitos nesse momento devem estar pensando: mas como uma repetição infinita de ‘Pais Nossos’ e de ‘Aves Marias’ é poderoso?
Na verdade a repetição destas orações serve exclusivamente como um mantra a ser entoado enquanto a verdadeira fonte de luz da oração se mostra: a contemplação dos mistérios de Jesus e Maria.
As Sagradas Escrituras estão cheias de mistérios que fizeram parte da vida do Mestre e de sua Mãe Altíssima. Ao pararmos para contemplarmos uma verdadeira onda de iluminação vem em nossa mente em forma de reflexão, em um momento que nos faz parar e estudar nossa própria condição humana enquanto filhos de Deus Pai e irmão de Jesus. É uma oração que põe em cheque nossos valores morais e nos ajuda a evoluir.
Para rezar o Terço devemos ter em mãos não somente a lista de mistérios, a Bíblia é muito importante nesse momento.
·        Começamos com o Sinal da Cruz e o oferecimento do terço ao próprio Jesus e à Maria, pedindo virtudes morais e indulgências materiais ou espirituais.
·        Rezamos o Creio/Credo. Neste momento devemos ter em mente que esta foi uma oração criada pelos apóstolos como forma de professar a fé em Cristo diante de épocas de perseguição onde Cristãos eram capturados e entregues aos leões em espetáculos públicos. Portanto, nós Umbandistas devemos pensar em nossos irmãos Cristãos que criaram esse juramento de fé por amor ao nosso Pai Oxalá e morreram professando essa fé quando estivermos orando o Creio, e em respeito a estes irmãos não devemos modificar essa oração.
·        Nas três bolas pequenas iniciais oferecemos três Aves Marias em honra a essa mulher tão magnífica, que foi escolhida por Deus, e foi exemplo vivo da Santíssima Trindade junto com Jesus. Sendo assim Ela foi: Filha de Deus Pai, Mãe de Deus Filho e Esposa de Deus Espírito Santo. E é refletindo sobre o papel dessa trindade de Maria que oramos três vezes.
·        Antes de cada mistério oramos Glória ao Pai, como mais uma forma de dar graças ao Cristo por seu sacrifício em favor da humanidade e rogamos a Jesus por seu perdão, pelo amparo de todos os desencarnados e pedimos que aqueles que dedicaram sua vida a ações de bondade e por merecimento estão em esferas mais elevadas roguem por nós que ainda nos encontramos em um planeta de provas e expiações.
·        É a partir de agora que começamos a contemplar cada mistério:
Ø Às segundas e sábados contemplamos os mistérios Gozosos, que estão relacionados com as alegrias de Maria Santíssima;
Ø Às terças e sextas contemplamos os mistérios Dolorosos, que estão relacionados às dores de Jesus e Maria;
Ø Às quartas e domingos contemplamos os mistérios Gloriosos, que estão relacionados às glórias de Jesus e de Maria;
Ø Às quintas-feiras contemplamos os mistérios Luminosos, que está relacionado a momentos de grande iluminação na vida de Jesus.
Os mistérios
Mistérios Gozosos:
       No primeiro mistério gozoso contemplamos a anunciação do arcanjo Gabriel à Maria:
No Evangelho de Lucas, capítulo 1 versículos de 26 a 38 encontraremos com detalhes a anunciação feita à Maria. A importância de hoje contemplarmos esse momento se dá pelo fato de nos depararmos com a história de uma jovem virgem que aceita conceber um filho para a glória de Deus. Eis a expressão de humildade de uma menina (mulheres da época desposavam muito jovens e há quem diga que Maria estava com aproximadamente 13 anos de idade quando recebeu Jesus em seu ventre) que se doou de corpo e alma para que fosse feita a vontade de Deus. Certamente sofre preconceitos, porém sua fé a fez segura do caminho que escolhera percorrer.
Reflitamos: teria essa história semelhança com o recebimento inesperado de dons mediúnicos que colocam pessoas que até então estavam confortáveis em suas vidas em situações de renúncia para seguir a missão dada por Zambi?
       No segundo mistério gozoso contemplamos a visita de Maria a sua prima Izabel:
No Evangelho de Lucas, capítulo 1 versículos de 39 a 45 encontraremos detalhes desta visita. A importância de hoje contemplarmos esse mistério se dá pelo fato de encontrarmos nele uma forma de expressão de manifestação de ligação espiritual entre Jesus e João Batista enquanto ainda estavam no ventre de suas mães. Crianças que estavam desde antes de serem geradas destinadas a servir o Senhor. E, como para Deus nada é impossível, o milagre da concepção a partir de uma virgem e uma idosa se deu naqueles dias.
Reflitamos: quantas histórias incríveis de intervenções de espíritos superiores nós temos conhecimento nos dias atuais, que acontecem para que os planos de Zambi se cumpram em nossas vidas e daqueles que nos cercam?
       No terceiro mistério gozoso contemplamos o nascimento de Jesus na gruta de Belém:
No Evangelho segundo Lucas, capítulo 2 versículos de 1 a 7 encontraremos palavras sobre este fato. A importância de hoje contemplarmos esse mistério se dá por diferentes motivos: a concepção milagrosa de uma criança por uma mulher virgem, a misericórdia divina de nos enviar seu Filho como nosso Salvador e a simplicidade desse momento essencialmente único na história da humanidade e de sua evolução espiritual.
Reflitamos: a simplicidade e a caridade estão presentes em nossas vidas?
       No quarto mistério gozoso contemplamos a apresentação de Jesus no templo:
No Evangelho segundo Lucas, capítulo 2 versículos de 22 a 40 encontramos detalhes de como se deu a apresentação no templo. A importância de contemplarmos esse mistério nos dias de hoje se dá pelo fato de dentro de um templo, tomado por dogmas e poder, Jesus ainda bebê foi recebido e, por inspiração do Espírito Santo, teve sua missão anunciada por profetas de espíritos puros e bondosos.
Reflitamos: se nós não nos mantivermos de coração puro e em oração (contato com o mundo espiritual) conseguiremos ter boas inspirações a ponto de reconhecer uma grande missão que o Pai Oxalá tenha nos reservado ou até mesmo reservado a outrem?
       No quinto mistério gozoso contemplamos o fato de Jesus ter sido encontrado no templo entre os doutores:
No Evangelho segundo Lucas, capítulo 2 versículos de 41 a 52 encontramos detalhes deste fato. A importância de contemplarmos esse mistério nos dias de hoje está principalmente em compreendermos que todo o conhecimento e autoridade adquiridos não se comparam a uma vida dedicada ao mais verdadeiro e profundo serviço ao Pai Maior. Isso aconteceu com Jesus em seus breves doze anos terrestres.
Reflitamos: será que nos colocamos diariamente a serviço do Pai Oxalá para que nosso aprendizado e evolução se dêem mais do que no cérebro (através de leituras e estudos), mas principalmente no espírito através de vivências reais que deixarão marcas eternas?
·        Ao final dos mistérios rezamos uma Salve Rainha, já que o Rosário é uma oração dedicada, sobretudo à Maria Santíssima.
Bem... não desejo fazer deste texto enfadonho e longo em demasia, nem mesmo apresentar reflexões prontas e fechadas. O verdadeiro objetivo é apresentar aos irmãos Umbandistas uma nova forma de ver essa oração tão maravilhosa que é o Rosário. Portanto, convido os leitores a praticar essa oração refletindo seriamente sobre seus temas. Certamente vocês colherão os benefícios dessa linda devoção.
Salve as Almas e tudo o que elas nos ensinam.
Adorei as Almas!
Roberta Pereira de Paula


[1] Este termo é especialmente utilizado pelos Espíritas por estar ligado a uma definição diferenciada onde a oração é feita espontaneamente e usada como forma de comunicação direta com os espíritos.

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