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quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O Verdadeiro Significado do Sinal da Cruz


A Teosofia do Sinal da Cruz - O Significado Universal de um Velho Símbolo Cristão.
Por Carlos Cardoso Aveline



Um diamante não perde seu significado, ou seu valor, por estar enterrado no solo e no barro: tampouco o ouro ou qualquer pedra preciosa. Assim, o fato de que algo bom seja esquecido ou ignorado não pode diminuir o seu valor: ao contrário, torna-o ainda mais valioso.
O mesmo ocorre com a sabedoria antiga e a filosofia esotérica, que ainda hoje dormem, em um berço nem sempre esplêndido, sob a superfície rotineira dos dogmas cristãos da idade média. Existe, por exemplo, uma versão esotérica, rara e esquecida da oração “Pai Nosso”, e ela foi publicada por H. P. Blavatsky no século 19. [1] Vamos abordar agora o significado esotérico e profundo de outro elemento cotidiano da cristandade: o sinal da cruz. Há séculos ele tem sido usado em todo o mundo. Na verdade, ele tem origem cabalística e possui um significado amplo, filosófico, livre de qualquer relação com crenças supersticiosas.
Em “Ísis Sem Véu” – uma das duas obras monumentais da filosofia esotérica – H.P.Blavatsky mostra em detalhes o processo pelo qual o cristianismo de Roma apropriou-se dos antigos conhecimentos das tradições “pagãs” de sabedoria e, em seguida, passou a perseguir estas mesmas tradições (inclusive a tradição judaica), destruindo suas obras escritas e matando os seus mestres e alunos. Item por item, H.P.B. vai demonstrando que a teologia romana cristã é, na verdade,“pagã”.
Ela escreve:
“Seria realmente muito doloroso tirar de Roma, de uma única vez, todos os seus símbolos; mas é preciso fazer justiça aos hierofantes despojados. Muito tempo antes que o sinal da Cruz fosse adotado como símbolo cristão, ele era empregado como um sinal secreto de reconhecimento pelos neófitos e pelos adeptos.”
Em seguida, H.P.B. cita palavras de Eliphas Levi, em sua obra “Dogma e Ritual da Alta Magia”:
“O sinal da cruz adotado pelos cristãos não pertence exclusivamente a eles. Ele é cabalístico e representa as oposições e o equilíbrio quaternário dos elementos. Constatamos, na estrofe oculta do Pater, à qual aludimos em volume anterior desta obra, que havia originalmente duas maneiras de fazê-lo, ou, pelo menos, duas fórmulas muito diferentes para expressar o seu significado; uma reservada aos sacerdotes e aos iniciados; e outra, comunicada aos neófitos e aos profanos. Assim, por exemplo, o iniciado, levando a mão à fronte, dizia: ‘A ti’; então ele acrescentava; ‘pertencem’; e continuava, enquanto levava a mão ao peito – ‘o reino’; depois, ao ombro esquerdo; ‘a justiça’ ; e ao ombro direito; ‘e a compaixão’. Então ele juntava as mãos e acrescentava: Através dos ciclos da geração: Tibi sunt Malkhuth,et Gerburah et Hesed, per Aeonas’ – um sinal da Cruz total e magnificamente cabalístico, que as profanações do gnosticismo fizeram a Igreja praticante e oficial perder por completo.” [2]
Até aqui, Eliphas Levi, citado por H.P.B. Vejamos agora, ponto por ponto, algo sobre o significado deste gesto simbólico e das palavras cabalísticas associadas a ele: “A ti pertencem o reino, a justiça e a compaixão. Através dos ciclos de geração.”
1) “A ti pertencem” – As palavras “a ti” se referem a Atma, o sétimo princípio da anatomia oculta do ser humano. Este é o princípio supremo imortal, o eu superior que vive em unidade com a lei do universo, simbolicamente situado na testa.
2) “o reino,” – Ou seja, o reino dos céus, situado no peito ou no coração. Esta é a consciência do mundo divino, a luz espiritual, Buddhi, o sexto princípio da compreensão universal das coisas, o amor universal.
3) “a justiça e a compaixão.” – Estes são os dois pratos da balança. O reino dos céus (consciência divina) é feito de justiça e compaixão, e para afirmar-se necessita do equilíbrio entre estes dois fatores. Qualquer uma destas duas virtudes só pode existir com base na outra. Sem justiça, a compaixão é falsa. Sem compaixão, a justiça é falsa. Sem justiça e compaixão, não há consciência divina (reino dos céus). O amor universal é feito de justiça e compaixão. É graças às duas virtudes (inseparáveis do discernimento) que o estudante tem acesso ao princípio Supremo e superior (Atma), simbolicamente situado na testa.
4) Através dos ciclos da geração. – As palavras “os ciclos da geração” se referem ao caráter cíclico do tempo eterno e mais especificamente à reencarnações de cada individualidade humana. Aqui a sabedoria da Cabala aponta para a “doutrina dos ciclos”, uma parte essencial da teosofia.
Os dois ombros humanos simbolizam a responsabilidade do indivíduo diante da vida. É a combinação de justiça (ombro esquerdo) e compaixão (ombro direito) que permite ter força e estabilidade ao longo de uma encarnação.
O sinal da cruz cabalístico aciona quatro fatores, e tem relação direta com os quatro elementos (fogo, água, terra e ar). Ele também se refere à Tetraktis ou Tétrade sagrada dos pitagóricos; aos quatro pontos cardeais; e ao Tetragrammaton, o nome de quatro letras da divindade na tradição mística judaico-cristã (IHVH).
A dimensão geométrica e o significado interior do sinal da cruz têm fortes correlações com a filosofia maçônica e a sabedoria salomônica. O templo de Salomão, esotericamente, simboliza o corpo humano.
Para a filosofia antiga e teosófica, como para o cristianismo autêntico, o corpo humano é o grande templo, e os templos físicos são apenas símbolos externos dele. O corpo é a casa do Espírito: “o Espírito está dentro de nós”. Em I Coríntios 3:16, o Novo Testamento afirma: “Não sabeis que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” E em II Coríntios 16, lemos: “Porque vós sois o templo vivo de Deus”.
Segundo a tradição, o templo de Salomão está voltado para o Leste e possui duas colunas, chamadas de “Boaz” e “Jachim”. Idealmente, ao fazer o sinal da cruz, o estudante de sabedoria divina não só se reconhece como um templo vivo, mas também está voltado fisicamente para o Leste, o Nascente. Seus ombros e braços correspondem às colunas. O termo “Boaz”, que corresponde ao ombro esquerdo ou coluna Norte, significa “na força” ou “em fortaleza”. O termo “Jachin”, que corresponde ao ombro direito ou coluna Sul, combina uma abreviatura de “Jeová” (Divindade) com um termo que significa “Estabelecer”.
Assim, quando fazemos a correlação do sinal da cruz cabalístico-cristão com a tradição salomônica e maçônica, vemos o seguinte:
“O reino dos céus (Jeová, a Sabedoria Divina) tem força, isto é, se estabelece como uma fortaleza, quando tem por base a Justiça.”
Quando reconhecemos o corpo humano como um templo, isto é, um invólucro externo de uma presença divina interior, podemos perceber a relação prática entre o sinal da cruz cabalístico e outro campo de conhecimento, a Filosofia da Ioga.
Vejamos, passo a passo, como se dá esta correlação. Inicialmente, enquanto o devoto pronuncia ou pensa as palavras “A ti pertencem”, o sinal da cruz ativa a testa, um ponto intermediário entre os dois chácras superiores, respectivamente localizados no alto da cabeça (chacra Sahasrara) e entre os dois olhos (chacra Ajna).
A seguir, enquanto o devoto pronuncia as palavras “o reino”, o sinal da cruz toca uma parte do corpo que se refere ao chacra Anahata, localizado no coração. Em seguida, o estudante toca os dois ombros, pronunciando, respectivamente, as palavras “a justiça” (ombro esquerdo) e “a compaixão” (ombro direito).
Os dois ombros simbolizam as duas correntes energéticas ou “colunas” (Nadis) que ligam os chacras, segundo a ioga. Uma das correntes é positiva e ativa: a Justiça. A outra é compreensiva e contemplativa: a Compaixão.
Finalmente, ao unir as duas mãos enquanto pronuncia as palavras “Através dos ciclos de geração”, o devoto fecha o círculo harmonizando simbolicamente os dois hemisférios cerebrais, os dois nadis e as correntes yang e yin em sua natureza interior.
Esta visão esotérica do sinal da cruz vai além de mostrar a relação viva que há entre o corpo e alma, ou e templo e o espírito. A prática original do sinal da cruz é, também, um modo ativo e consciente de expressar o compromisso do indivíduo atento com a consciência universal.
Através do verdadeiro sinal de cruz, que nada tem a ver com superstições, o indivíduo se estabelece simbolicamente na consciência divina. Ele assume por mérito próprio “o poder que o faz parecer nada aos olhos dos outros”. Ele assume o poder de estar em união fraterna com a Lei Universal e com todos os seres.

O texto foi distribuído pela lista do boletim eletrônico mensal “O Teosofista”
 

Estudo sobre Reencarnação



1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste estudo é mostrar que a alma é imortal e ao corpo físico retorna quantas vezes for necessário.

2. CONCEITO
Reencarnação significa a volta do Espírito à vida corpórea, mas num outro corpo, sem qualquer espécie de ligação com o antigo. Usa-se também o termo Palingenesia, proveniente de duas palavras gregas — Palin, de novo; genesis, nascimento.
Metempsicose - do grego metempsykhosis, embora empregada no mesmo sentido da reencarnação, tem um significado diferente, pois supõe ser possível a transmigração das almas, após a morte, de um corpo para outro, sem ser obrigatoriamente dentro da mesma espécie. Ou seja, a alma que atingiu a fase humana poderia reencarnar em um animal. Plotino (205-270 a. C.) sugeriu que se substituísse por metensomatose, uma vez que haveria na realidade, mudança de corpo (soma) e não de alma (psykhe) (Andrade, 1984, p. 194 e 195)
Ressurreição - do lat. ressurrectione - significa ato ou efeito de ressurgir, ressuscitar. Segundo o Catolicismo e o Protestantismo, retorno à vida num mesmo corpo.

3. REENCARNAÇÃO E RESSURREIÇÃO
A confusão entre o conceito de ressurreição e o de reencarnação é porque os judeus tinham noções vagas e incompletas sobre a alma e sua ligação com o corpo. Por isso, a reencarnação fazia parte dos dogmas judaicos sob o nome de ressurreição. Eles acreditavam que um homem que viveu podia reviver, sem se inteirarem com precisão da maneira pela qual o fato podia ocorrer. Eles designavam por ressurreição o que o Espiritismo, mais judiciosamente chama reencarnação.
A ressurreição segundo a idéia vulgar é rejeitada pela Ciência. Se os despojos do corpo humano permanecessem homogêneos, embora dispersados e reduzidos a pó, ainda se conceberia a sua reunião em determinado tempo; mas as coisas não se passam assim, uma vez que os elementos desses corpos já estão dispersos e consumidos. Não se pode, portanto, racionalmente admitir a ressurreição, senão como figura simbolizando o fenômeno da reencarnação.
O princípio da reencarnação funda-se, a seu turno, sobre a justiça divina e a revelação. Dessa forma, a lei de reencarnação elucida todas as anomalias e faz-nos compreender que Deus deixa sempre uma porta aberta ao arrependimento. E para isso, Deus, na sua infinita bondade, permite-nos encarnar tantas vezes quantas forem necessárias ao nosso aperfeiçoamento espiritual, utilizando-se deste e de outros orbes disseminados no espaço. (Kardec, 1984, cap. IV, it. 4, p. 59)

4. FINALIDADE DA ENCARNAÇÃO
1) Expiação — Expiar significa remir, resgatar, pagar. A expiação, em sentido restrito consiste em o homem sofrer aquilo que fez os outros sofrerem, abrangendo sofrimentos físicos e morais, seja na vida corporal, seja na vida espiritual.
2) Prova — Em sentido amplo, cada nova existência corporal é uma prova para o Espírito. A prova, às vezes, confunde-se com a expiação, mas nem todo sofrimento é indício de uma determinada falta. Trata-se freqüentemente de simples provas escolhidas pelo espírito para acabar a sua purificação e acelerar o seu adiantamento. Assim, a expiação serve sempre de prova mas a prova nem sempre é uma expiação.
3) Missão — A missão é uma tarefa a ser cumprida pelo Espírito encarnado. Em sentido particular, cada Espírito desempenha tarefas especiais numa ou noutra encarnação, neste ou naquele mundo. Há, assim, a missão dos pais, dos filhos, dos políticos etc.
        4) Cooperação na Obra do Criador — Através do trabalho, os homens colaboram com os demais Espíritos na obra da criação.
        5) Ajudar a Desenvolver a Inteligência — a necessidade de progresso impele o Espírito às pesquisas científicas. Com isso a sua inteligência se desenvolve, sua moral se depura. É assim que o homem passa da selvageria à civilização.
A encarnação ou reencarnação tem outras finalidades específicas para este ou aquele Espírito. Citam-se, por exemplo, o restabelecimento do equilíbrio mental e o refazimento do corpo espiritual. (FEESP, 1991, 7.ª Aula, p. 73 a 76)

5. JUSTIÇA DA REENCARNAÇÃO
A doutrina da reencarnação, que consiste em admitir para o homem muitas existências sucessivas, é a única que corresponde à idéia da justiça de Deus com respeito aos homens de condição moral inferior; a única que pode explicar o nosso futuro e fundamentar as nossas esperanças, pois oferece-nos o meio de resgatarmos os nossos erros através de novas provas. A razão assim nos diz, e é o que os Espíritos ensinam. (Kardec, 1995, pergunta 171)

6. LIMITES DA ENCARNAÇÃO
A encarnação não tem, propriamente falando, limites nitidamente traçados, se se entende por isso o envoltório que constitui o corpo do Espírito, já que a materialidade desse envoltório diminui à medida que o Espírito se purifica. Nesse sentido, o limite máximo seria a completa depuração do Espírito, quando o perispírito estaria totalmente diáfano. Mas mesmo assim, há trabalho a realizar, pois podem vir em missões para ajudar os outros a progredirem. (Kardec, 1984, cap. IV, it. 24, p. 67 e 68)

7. ENFOQUE CIENTÍFICO
O Dr. Ian Stevenson, Diretor do Departamento de Psiquiatria e Neurologia da Escola de Medicina da Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos da América, conseguiu catalogar cerca de 2000 casos, tendo publicado cinco livros versando sobre esses relatos. Em um de seus livros, o 20 Casos Sugestivos de Reencarnação, reúne 7 casos na Índia, 3 no Ceilão, 2 no Brasil, 7 no Alasca e 1 no Líbano.
O Método empregado pelo Dr. Ian Stevenson consiste em descobrir pessoas, principalmente crianças, que espontaneamente manifestem recordações. Na maioria dos casos espontâneos, os principais acontecimentos já ocorreram quando o investigador entra em cena.

Possíveis ocorrência erros:
1) tradução;
2) os registros no ato da transcrição das testemunhas;
3) as observações quanto ao comportamento do entrevistado;
4) falhas de memória por parte das testemunhas
5) Além disso, embora acreditem na reencarnação, as pessoas envolvidas adotam atitudes bem diferentes. Existe uma crença generalizada de que a lembrança de vidas pretéritas condena à morte prematura, e muitas vezes os pais usam de medidas enérgicas e mesmo cruéis, para evitar que uma criança fale sobre uma vida anterior.
Stevenson, em suas observações conclusivas, não opta com firmeza por nenhuma teoria como explanatória de todos os casos. Diz ele que alguns casos podem ser explicados melhor como sendo devido à fraude, à criptomnésia ou à percepção extra sensorial com personificação (talvez com misto de telepatia e retrocognição).
Complementando diz: "Na medida em que nos preocupamos com a evidência da sobrevivência, não nos sentimos obrigados a supor que todo caso sugestivo de renascimento deve ser explicado como um caso de reencarnação. Nosso problema é antes, saber se há algum caso (ou mesmo somente um) em que nenhuma outra explicação pareça melhor do que a reencarnação, na explanação de todos os fatos. (Stevenson, 1971, p. 506)

8. OUTROS TÓPICOS
O tema reencarnação, por ser amplo, comportaria vários outros tópicos, ou seja: planejamento da reencarnação, mapas cromossômicos, reencarnação na Bíblia, encarnação nos diferentes mundos etc.

9. CONCLUSÃO
A reencarnação fundamenta todo o nosso desenvolvimento moral e intelectual. Sem ela, a existência física perderia a perspectiva de uma vida futura, o que nos levaria ao materialismo; com ela, todo o sofrimento encontra a sua explicação lógica, reacendendo, assim, a esperança num futuro mais promissor.

10. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
ANDRADE, H. G. Espírito, Perispírito e Alma: Ensaio sobre o Modelo Organizador Biológico. São Paulo, Pensamento, 1984.
AUTORES DIVERSOS. Curso Básico de Espiritismo (1.º Ano). 3. ed., São Paulo, FEESP, 1991.
KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed., São Paulo, IDE, 1984.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed., São Paulo, FEESP, 1995.
STEVENSON, I. 20 Casos Sugestivos de Reencarnação. São Paulo, Difusora Cultural, 1971.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Apometria



Na medida em que a humanidade evolui, os véus do desconhecido vão se descortinando e o conhecimento das leis espirituais, que antes era privilégio de poucos, vai sendo revelado abertamente aos pesquisadores isentos de preconceitos.
A utilização da apometria pode ser considerada como parte da evolução no tratamento espiritual, embora muitos espíritas e espiritualistas ainda não a aceitem ou a utilizem, talvez por falta de uma divulgação adequada e uma maior interação com o assunto.
A apometria é uma técnica que consiste no desdobramento espiritual (emancipação da alma, viagem astral ou projeção da consciência) por intermédio do comando da mente. "Representa o clássico desdobramento entre os componentes materiais somáticos do homem e sua constituição espiritual", de acordo com a definição do livro Apometria- Novos Horizontes da Medicina Espiritual, escrito pelo médico Vitor Ronaldo Costa e publicado pela Casa Editora O Clarim, em 1997.
Esse estado de emancipação da alma dá maior possibilidade ao médium de executar as tarefas assistenciais no plano espiritual, por poder expandir, dessa maneira, sua capacidade sensitiva, além de permitir que esteja no mesmo plano de atuação do desencarnado. Ao mesmo tempo, o paciente, que também fica em estado de emancipação, facilita seu atendimento. Isso ocorre porque no plano astral o campo energético, assim como os desequilíbrios, podem ser observados de uma forma mais ampla pela equipe tanto de trabalhadores encarnados como pelos espíritos benfeitores.
Porém, os estudiosos sérios alertam que não se trata de mediunismo e que deve ser utilizada por pessoas habilitadas, capazes e envolvidas em bons propósitos. "Tenhamos sempre em mente que a apometria é apenas um instrumento auxiliar de manuseio anímico-mediúnico, aplicado com a finalidade de facilitar o acesso do médium à intimidade energética do indivíduo enfermo", relata o médico e autor Vitor Ronaldo. Ele complementa dizendo que a técnica da apometria, quando bem aplicada e sob a cobertura dos bons espíritos, realmente se destaca no diagnóstico de certeza e na condução da terapêutica mais indicada.
A descoberta implantada pelo farmacêutico-bioquímico porto-riquenho dr. Luiz Rodrigues, recebeu primeiramente o nome de hipnometria, mas foi fundamentada e desenvolvida cientificamente pelo médico gaúcho dr.José Lacerda de Azevedo.
Dr. Lacerda nasceu em 12 de junho de 1919, em Porto Alegre. Cursou o Instituto de Belas Artes e depois se formou em medicina pela Universidade do Rio Grande de Sul, em 1950. Antes mesmo de tornar-se doutor, em 1947, casou-se com Yolanda da Cunha Lacerda, uma prima que só veio a conhecer na idade adulta e que se tornou mais tarde sua grande companheira de ideais.
Cientista e pesquisador nato, dr. Lacerda sempre buscou respostas para o desconhecido e foi esse desafio que o impulsionou a fundamentar cientificamente a apometria.
Tudo começou no ano de 1965, quando o pesquisador dr. Luiz Rodrigues visitou o Hospital Espírita de Porto Alegre, local onde o dr. Lacerda participava de trabalhos de atendimento socorrista. O médico assistiu duas dessas sessões e ficou impressionado com as demonstrações de hipnometria apresentadas pelo farmacêutico, que não se considerava espírita. Desde então, iniciou sérias investigações sobre o assunto. Resolveu fazer experiências e escolheu sua esposa, Yolanda, para dar início às investigações. Para tanto, cumpriu a metodologia preconizada pelo pesquisador porto-riquenho. Logo constatou a eficiência da técnica, embora tenha preferido adotar a expressão grega Apometria. "APÓ" significa "além de" e "METRON" se refere à "medida" por julgar mais apropriado ao invés de Hipnometria, já que não havia a presença de sono durante a aplicação da técnica.
Esse foi o ponto de partida para que o médico passasse a pesquisar o assunto cada vez mais, com o objetivo de socorrer os enfermos e implantar a terapêutica espiritual. Mas os estudos cresceram mesmo quando o dr. Lacerda recebeu um convite do então presidente do Hospital Espírita de Porto Alegre, Conrado Ferrari, para assumir a Divisão de Pesquisas e levar em frente os experimentos apométricos. Para que o grupo pudesse intensificar os experimentos o trabalho foi implantado em uma casa, que inicialmente era designada para abrigar os próprios funcionários do hospital. Pelo fato da casa ser rodeada de flores e vegetação exuberante ficou conhecida como a Casa do Jardim
Por muitos anos as pesquisas foram crescendo e se aprimorando, mas foi na década de 80 que os trabalhos de apometria se expandiram, principalmente na região sul do país. Em 1990 surgiu a idéia de um encontro de grupos de apometria e, em 1992, o projeto se concretizou. Criou-se a Sociedade Brasileira de Apometria, com o objetivo de promover o intercâmbio entre os grupos e difundir o conhecimento sobre a técnica de Apometria, com o objetivo de promover o intercâmbio entre os grupos e difundir o conhecimento sobre a técnica.
Em decorrência do empenho em expandir o assunto, o médico gaúcho publicou dois livros: Espírito/Matéria - Novos Horizontes para a Medicina e Energia e Espírito. O primeiro está com a edição esgotada.
Dr. Lacerda desencarnou em 1997, porém o resultado de seu trabalho permanece.
A utilização por intermédio da projeção do perispírito, o médium pode ver e ouvir os espíritos, até mesmo trabalhar no resgate de espíritos sofredores. De acordo com dr. Lacerda, no atendimento aos enfermos, por meio da projeção, coloca-se o médium em contato com as entidades médicas do plano espiritual. Simultaneamente, o mesmo procedimento é feito com o doente, o que possibilita o atendimento do corpo espiritual do enfermo pelos médicos desencarnados, assistidos pelos médiuns em projeção que relatam os fatos que estão ocorrendo durante o tratamento.
Também pode ser utilizada como técnica eficaz no tratamento das obsessões. Essa eficácia acontece em virtude dos espíritos protetores se encontrarem no mesmo plano dos assistidos, podendo agir com maior profundidade e mais rapidez.
Vale lembrar que a projeção do perispírito, tanto do médium quanto do enfermo é obtida por intermédio do emprego de um determinado número de impulsos magnéticos, semelhantes aos passes. Embora a apometria seja uma técnica bastante simples, sua aplicação exige cuidados especiais, como uma cobertura espiritual de nível elevado. Deve ser realizada por grupos de trabalho constituídos para essa finalidade, com atividades regulares como qualquer outro grupo dedicado aos trabalhos de caridade, além da harmonia entre os componentes da equipe.
A apometria tem sido utilizada por muitos grupos como técnica eficiente em auxiliar nos processos obsessivos, já que em geral, as perturbações espirituais decorrem da ação de obsessores.
Os espíritos obsessores – na verdade, espíritos infelizes – são afastados, recolhidos e conduzidos para hospitais espirituais, de acordo com seu padrão vibratório. O estado de emancipação da alma possibilita que os médiuns possam observar melhor as ligações obsessivas, as áreas do organismo perispiritual atingidas, entre outros fatores.
Isso torna o tratamento muito mais completo por possibilitar o atendimento tanto do paciente quanto dos espíritos perturbadores que o acompanham. Na maioria das vezes, o enfermo nada registra, a não ser em casos de pessoas com maior sensibilidade.
Tratamento integral - Chegará um tempo em que a medicina tratará o Homem de forma integral, unindo os tratamentos físico e espiritual realizados por médicos encarnados e desencarnados. Mesmo porque, a maioria das doenças se inicia no perispírito e depois se manifesta no corpo físico.
Segundo relatos de pesquisadores e de grupos que utilizam a metodologia, independente de religião ou credo, sua aplicação adequada poderá cada vez mais ajudar a expandir o campo da medicina integral. E quanto mais conhecida essa técnica, mais auxiliará os espíritas nos trabalhos de desobsessão e atendimentos espirituais. Paralelamente, novos horizontes se abrirão quando a medicina reconhecer a existência do espírito e que uma infinidade de enfermidades que se manifestam na atualidade podem ter sido causadas no corpo perispiritual em existência passada.
Entrevistamos o Dr. Vitor Ronaldo Costa, conhecido médico e pesquisador espírita que utiliza a técnica da Apometria no tratamento, identificando as causas mais profundas das doenças.
Como surgiu a idéia de escrever o livro Apometria - Novos Horizontes da Medicina Espiritual?
Vitor Ronaldo Costa – A idéia ganhou força e se corporificou em decorrência de meu desejo de esclarecer especialmente aos espíritas a palpitante temática da apometria. Estabeleci como propósito mostrar aos confrades a excelência de uma técnica relativamente nova em sua aplicação prática, não obstante encontrar-se embasada no velho magnetismo, no sonambulismo, no desdobramento, na clarividência e em outros enfoques do psiquismo experimental abordados por Allan Kardec no capítulo VIII de O Livro dos Espíritos. Além de tudo, animava-me o desejo de compartilhar com os demais espíritas o conhecimento de algo que se me afigurava de grande utilidade quando acoplado aos trabalhos mediúnicos assistenciais.
A obra foi baseada em dados apresentados no X Congresso Espírita Pan-Americano em 1975. Desde essa, época quais avanços foram mais significativos?
Nos idos de 1974, o Dr. José Lacerda de Azevedo já colecionava inúmeras observações interessantes a respeito da apometria. Suas anotações avolumaram-se e serviram mais tarde como ponto de partida de uma obra mais expressiva, na qual a apometria seria desvendada sob a ótica médico-espírita. O ano de 1975 foi importante, porquanto no X Congresso Espírita Pan-Americano realizado em Mar Del Plata, Argentina, o dr. Lacerda, pela primeira vez, tornou pública a sua tese: “Ciência da Espiritualidade Aplicada à Medicina”. No conclave, estavam presentes espíritas de quase todos os países das Américas, especialmente, do Brasil. É claro que pela quantidade de informações repassadas por esse ilustre pesquisador, nem todos os que ali se encontravam compreenderam inicialmente a profundidade do tema, a sua possível ligação com a doutrina e a repercussão do assunto no campo da medicina espiritual. Creio que, desde aquela época até o presente momento, o grande avanço ocorrido relaciona-se com aceitação do assunto por um número cada vez mais expressivo de espíritas. A melhor compreensão da técnica, a sua aplicação nas instituições espíritas à luz do Evangelho do Mestre e a grande contribuição que a mesma empresta aos trabalhos desobsessivos refletem, sem dúvida, o grande avanço dos ideais superiores abraçados pelo dr.Lacerda.
Na qualidade de médico, como o senhor vê o uso da apometria nos tratamentos de saúde?
É como se fôssemos participantes ativos de uma nova era, em que a visão verdadeiramente holística da criatura é levada em consideração. Em decorrência da aplicação da técnica, podemos intentar o diagnóstico de certeza das complexas síndromes de ordem espiritual e optar pelo tratamento específico para o caso, com boas chances de se alcançar resultados alentadores. Com o emprego da metodologia apométrica, descortinamos em profundidade as distonias espirituais, enquanto a Medicina se encarrega da terapêutica clássica voltada para o campo físico. Trata-se de oportuna associação, em que os médicos do espaço cuidam dos aspectos espirituais do enfermo e os médicos terrenos se empenham na reestruturação do organismo físico.
Pretende escrever outro livro abordando a mesma temática?
Sem dúvida. A nova obra já se encontra em fase de elaboração. Esperamos conclui-la dentro de mais alguns meses.
Na atualidade, como está a utilização da apometria no Hospital Espírita de Porto Alegre e em outros grupos espíritas?
Em virtude do esforço conjunto de um grupo de trabalhadores mediúnicos da antiga Casa do Jardim, foi implantada em um bairro de Porto Alegre a sede atual Casa do Jardim. Com isso, houve a transferência das atividades mediúnicas caritativas para o novo endereço, de forma que o hospital permaneceu apenas como referência histórica da apometria. Temos notícias de que os grupos de apometria, aos poucos, vão se multiplicando e integrando, de fato, às atividades assistenciais mediúnicas de muitas instituições espíritas em quase todos os estados brasileiros.
O senhor participa de algum grupo de apometria atualmente?
Sim. Desde o início da década de setenta passei a privar da amizade particular do dr. Lacerda e o acompanhei durante muitos anos, aprendendo e praticando a técnica, quando ainda os trabalhos se realizavam na intimidade do Hospital Espírita de Porto Alegre. A propósito, considero tal período um dos mais importantes da minha atual reencarnação, pois, sem dúvida, equivaleu a uma verdadeira pós-graduação em Medicina Espiritual, fato que norteou todo o meu trabalho assistencial mediúnico no âmbito da doutrina que eu professo, - o Espiritismo. Após minha transferência para Brasília, por força de obrigações profissionais, aqui reiniciei as atividades mediúnicas, utilizando-me da citada técnica. Tivemos, então, a oportunidade de preparar novos médiuns, nas diversas instituições espíritas por onde passamos. De alguns anos para cá, atuamos no Sanatório Espírita de Brasília, com o apoio do dirigente, o sr. Lauro Carvalho.
Cite algum exemplo do uso da apometria.
         Digamos que o paciente seja portador de sintomas físicos ou desajustes mentais induzidos pela presença de “aparelhos parasitas”. Esses aparelhos são verdadeiros artefatos fluídicos potencialmente desarmonizadores, sofisticados e eficientes em sua ação nociva, são idealizados por inteligências desencarnadas maléficas e inseridos cuidadosamente no corpo astral dos encarnados com a finalidade de desencadear degenerações celulares, síndromes dolorosas e distonias psíquicas. Com o emprego da técnica apométrica, os médiuns em estado de desdobramento localizam tais artefatos fluídicos com certa facilidade e, sob a cobertura dos mentores espirituais, convidam o próprio obsessor a proceder a retirada dos mesmos, aliás, procedimento ético capaz de permitir o primeiro passo da “entidade” no sentido da própria recuperação espiritual. Como dizíamos, essas síndromes são graves e tendentes a cronificação. Representam verdadeiros desafios à medicina do espírito. Além do mais, fica patenteado que a recuperação do enfermo, nesses casos, não depende só da doutrinação e do encaminhamento do obsessor. É indispensável a remoção dos aparelhos parasitas para que o paciente, de fato, se sinta aliviado da sintomatologia desarmônica. Após o advento da apometria, os grupos mediúnicos estabelecidos em casas espíritas detiveram-se nesses detalhes e, conseqüentemente estão colhendo resultados mais significativos no trato com as obsessões graves. Assim, do mesmo jeito que a medicina terrena vem dominando doenças antes consideradas cármicas, a medicina espiritual, valendo-se de técnicas mais elaboradas, também aperfeiçoou a sua dinâmica de pesquisa e terapêutica, sem que nos afastássemos jamais dos postulados kardequianos, do respeito ao próximo e das exortações evangélicas referentes ao esforço próprio de auto-superação por parte de enfermos da alma.
Quais os principais cuidados a serem tomados em uma sessão de apometria?
Os mesmos que são levados em conta nas sessões mediúnicas tradicionais da Doutrina Espírita. Harmonia entre os participantes, grupos reduzidos, respeito aos horários estabelecidos, prece de harmonização no início das atividades, leitura de um trecho evangélico, seguido de um breve comentário, manutenção elevada do padrão vibratório mental e desejo de ajudar aos necessitados de ambos os lados da vida.
A apometria tem sido bem aceita no meio espírita?
Bem, esta é uma pergunta que merece um esclarecimento. A apometria ainda não é consenso no contexto espírita. Há receios evidentemente infundados, por exemplo: o temor de que se esteja ferindo a pureza doutrinária; o desconhecimento de causa e, por parte de um pequeno grupo, uma certa intolerância com críticas pueris e até certo ponto agressivas, o que é uma lástima. No entanto, de uma maneira geral, o assunto começa a despertar a atenção e o interesse de significativa parcela de espíritas. Por enquanto parece-me que os maiores interessados no assunto são os seguidores de Kardec em decorrência dos vários pontos de contato entre a metodologia apométrica e os postulados doutrinários.
O principal foco do tratamento apométrico é a obsessão?
Eu diria que sim. O nosso interesse é desvendar as causas espirituais dos sofrimentos humanos enfrentados pela Medicina tradicional. Os espíritas, em suas sessões de assistência mediúnica aos sofredores de todos os matizes, jamais pretenderam substituir a Medicina pelo Espiritismo. E, na qualidade de espíritas, nós que praticamos a apometria abraçamos a mesma opinião. Em afinada sintonia com os espíritos terapeutas, nós penetramos no mundo das causas, o que nos facilita a questão do diagnóstico de certeza da maioria das mazelas humanas. Ora as doenças que se manifestam no campo orgânico, na maior parte dos casos, origina-se nos desequilíbrios energéticos identificados no perispírito, quer seja um transtorno anímico de natureza auto-obsessiva, quer seja uma influência externa de ordem obsessiva propriamente dita. Pois bem, a dimensão astral é o nosso campo de atuação. Apenas nos dirigimos às causas, enquanto os servidores da saúde cuidam dos aspectos físicos das mazelas terrenas. Dessa forma, esse empenho converte-se numa simbiose fraterna e salutar entre encarnados e desencarnados, cujos benefícios são hauridos por ambas as partes.
Gostaria de deixar alguma mensagem?
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer à Revista Cristã de Espiritismo a oportunidade que nos foi concedida. Em seguida, desejaria reforçar a minha esperança no progresso científico da doutrina espírita. Recordemos que as revelações responsáveis pela mudança de conduta para melhor do gênero humano são gradativas e oportunas. O amado Mestre presenteou-nos com o seu código supremo de amor e fraternidade. Para evoluirmos devemos incorporar aos nossos corações os exemplos da dignidade Crística. Por sua vez, Allan Kardec legou-nos a codificação espírita, aproximando-nos ainda mais das grandes realidades espirituais que transcendem a dimensão da matéria. André Luiz e Manoel P. de Miranda devassaram as particularidades da obsessão espiritual. E o nosso saudoso Dr.Lacerda abriu-nos as portas da psiquiatria espírita, revelando-nos as técnicas de acesso experimental às dimensões superiores da complexidade humana. Que possamos saber aproveitar com equilíbrio e gratidão tantas dádivas do Mundo Maior. Quando aprendermos a conciliar o amor de Jesus com a ciência terrena, estaremos festejando de fato o início do período de regeneração da raça humana.

Publicado na Revista Cristã de Espiritismo - ed. 30 


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Pontos Riscados na Umbanda Tradicional



A palavra caboclo vem do tupi kareuóka, que significa da cor de cobre; acobreado. Espírito que se apresenta de forma forte, com voz vibrante e traz as forças da natureza e a sabedoria para o uso das ervas. A marca mais característica da Umbanda, uma religião surgida no Brasil no final do século XIX e início do século XX, é a manifestação de entidades espirituais, por meio da mediunidade de incorporação. Os primeiros espíritos a “baixar” nos terreiros de Umbanda foram aqueles conhecidos como Caboclos e Pretos-velhos, a seguir surgiram outras formas de apresentação como as Crianças, conhecidas, variadamente, como Erês, Cosme e Damião, Dois-dois, Candengos, Ibejis ou Yori.

Essas três formas, Crianças, Caboclos e Pretos-velhos, podem ser consideradas as principais porque resumem vários símbolos: representam, por exemplo, as raças formadoras do povo brasileiro - indígenas, negros e brancos europeus - e também representam as três fases da vida - a criança, o adulto e o velho - mostrando a dialética da existência. Além disso, trazem valores arquetipais de Pureza e Alegria na Criança; Simplicidade e Fortaleza no Caboclo e a Sabedoria e Humildade dos Pretos-velhos, mostrando o caminho para a evolução espiritual dos sentimentos, do corpo físico e da mente. Com a expansão da Umbanda, muitas entidades apareceram, como os Baianos, Boiadeiros, Marinheiros e outras, sem falar de Exu, outro grande ícone umbandista.

Existem variações no entendimento que os umbandistas têm sobre o que sejam os caboclos. As variações são próprias do movimento umbandista, notavelmente plural, mas há consenso na Umbanda, no fato de que os Caboclos são espíritos de humanos que já viveram encarnados no plano físico e são, portanto, nossos ancestrais. É interessante notar que em alguns cultos afro-brasileiros, os caboclos são considerados “encantados” e se relacionam com os espíri­tos da natureza, recebendo nomes de animais, plantas ou outros elementos naturais. Essa percepção se aproxima das lendas indígenas que narram um tempo em que os animais falavam e viviam em comunhão com os homens, podendo um se transformar no outro.

A palavra caboclo vem do tupi kariuóka, que significa da cor de cobre; acobreado. A partir daí vem a relação com os índios brasileiros, de tez avermelhada. Assim, a palavra caboclo passou a designar aquilo que é próprio de bugre, do indígena brasileiro de cor acobreada. Posteriormente surgiu a noção de caboclo como mestiço de branco com índio, o sertanejo. Dada essa relação dos caboclos com os indígenas - nos terreiros de Umbanda é dessa forma que se manifestam -, e aproximando esse fato ao Orixá Oxossi, que em África é cultuado como Odé, o caçador, o Senhor das Florestas, conhecedor dos segredos das matas e dos animais que lá vivem, diz-se que os Caboclos que baixam na Umbanda são espíritos ligados a Oxossi.

Muitos entendem que somente esses são caboclos e que as entidades da vibração de Ogum, Xangô, Yemanjá e Oxalá não seriam, propriamente, caboclos. No entanto, há caboclos da praia, do mar e das ondas, das pedreiras, das cachoeiras, dos rios etc., cujos elementos se associam mais aos outros Orixás que a Oxossi.

Outra maneira de se interpretar as entidades de Caboclo, é como espíritos que se apresentam na forma de adultos, com uma postura forte, de voz vibrante, que trazem as forças da natureza, manipulando essas energias para trabalhar nas questões de saúde, vitalidade e no corte de correntes espirituais negativas. Seu linguajar pode se assemelhar ao dos indígenas, paramen­tados ou não com cocares, arcos e flechas, machadinha e espadas. Aqui estamos entendendo os Caboclos de maneira mais ampla, como símbolo de fortaleza, do vigor da fase adulta, existindo caboclos de Oxossi, Xangô, Ogum e mesmo aquelas entidades ligadas aos orixás femininos, como Yemanjá, Oxum, Yansã. É claro que essas últimas entidades não vêm como índias, mas com uma forma tipicamente relacionada aos seus atributos. Todavia, são entidades que se apresentam como adultos.

Mas, podemos dizer que todas as entidades de Umbanda, especialmente as Crianças, Caboclos e Pretos-Velhos, são espíritos ancestrais que estão ligados, cada um, a um Orixá. Assim, as crianças trazem a vibração dos Orixás Ibeji, conhecidos na Umbanda Esotérica como Yori; os Pretos-velhos vêm sob as vibrações dos Orixás Obaluaiê, Nana Burukum ou Yorimá e os Caboclos podem ser de Oxossi, Xangô, Ogum etc. Também é preciso falar que existem os chamados cruzamentos vibratórios em que uma entidade de Ogum, por exemplo, pode trazer também as forças de outro orixá, como Ogum Yara que além das forças de Ogum, movimenta também as forças dos Orixás das águas, como Yemanjá, Oxum etc. Este é um dos nomes pelo qual é conhecida a Umbanda.

O que realmente quer dizer essa luz velada, da qual a Umbanda é senhora? Tratando-se de um Movimento Espiritualista Cristão, a Umbanda é um dos meios pelos quais a Espiritualidade Superior toca seus clarins, conclamando a humanidade para a volta a Luz. Se essa Luz ainda está velada, é função do Movimento Umbandista, como um dos agentes da Misericórdia de Deus, pela ação dos abnegados Instrutores Espirituais, torná-la conhecida e brilhante, atingindo a todos aqueles que dele se acercam. Os estudiosos do assunto dizem que Umbanda é um vocábulo oriundo do termo abanheenga (a mais antiga língua falada no Brasil) “AUMBANDAM”, que significa: “o conjunto das Leis Divinas”. Outros dizem tratar-se, também, a sua origem da expressão m’banda (termo yorubá) que significa “aquele que cura”.

Essas leis estão gravadas no nosso ser, infelizmente, para a maioria dos homens, de forma velada, cabendo às Religiões, realizando a religação com Deus, torná-las conhecidas, trazendo-as ao campo da razão e da emoção, para que se tornem ativas nos indivíduos, plenificando-os de Luz. No “Sabedoria e no Amor” está a síntese das Leis Divinas, alcançá-las em plenitude é o trabalho da evolução humana, pois só aí se encontra a felicidade a paz ansiada pelos homens.

A presença, em todos eles, dos Instrutores Espirituais (Guias e Protetores) que assumem a roupagem fluídica de Caboclos, Crianças, Pais Velhos, já é o alerta principal para a mudança de vida e de valores, dentro da vivência das Leis de Deus. O Caboclo simboliza a Fortaleza, atributo necessário à vivência espiritual. Essa fortaleza só vai existir na simplicidade e serenidade perante a vida, na busca incessante do crescimento espiritual, sabendo valorizar o espiritual, na vivência da presente encarnação.

O Pai Velho ou Preto-Velho vem simbolizar a Sabedoria, que é fruto da vivência, do sofrimento e do conhecimento das coisas espirituais. Só o sábio é humilde, pois só quem conhece a grandeza e a misericórdia de Deus em relação a nossa pequenez e ignorância é capaz de ser humilde, e compreender os seus semelhantes.

A Criança simboliza, por sua vez, a Pureza. Essa Pureza está pousada na capacidade de amar na verdade, de confiar na ação do Pai, de ser feliz por existir e saber que é amado, destruindo no coração as mágoas, o orgulho e a vaidade, para amar os seus irmãos no respeito e no perdão. Assim é a Umbanda. No Templo Espiritualista devemos vivenciar o Movimento Umbandista de forma a trazer para o culto, práticas de tratamentos e estudo, o tripé espiritualista do ESTUDO, DISCIPLINA e TRABALHO, que acreditamos necessário a um movimento ascendente dos seus membros, onde os irmãos que nos procurem encontrem repostas aos anseios dos seus corações, no Coração Misericordioso de Jesus.

A umbanda é a Lei regida por princípios e regras em harmonia que não podemos alterar pela simples vontade; todos os que conscientemente, tentaram alterá-la, sofreram diferentes dissabores. Repetimos e afirmamos: a Umbanda é o movimento do Círculo Inicial do Triângulo e este, é o Ternário ou a Tríade, que exterioriza suas vibrações através das Três Formas ordenadas pela Lei, que são místicas pois simbolizam: A pureza, que nega o vício, o egoísmo e a ambição; A simplicidade, que é o oposto da vaidade, do luxo e da ostentação; A humildade, que encerra os Princípios do amor, do sacrifício, e da paciência, ou seja, a negação do poder temporal... No entanto, o Espírito, o nosso eu Real, jamais revelou, nem revelará, a sua verdadeira essência e "forma", compreenda-se bem, sua "forma-essencial". Ele externa sua consciência, seu livre arbítrio, por sua alma, pelo corpo mental, que engendra os elementos para a formação do denominado Corpo Astral ou Perispírito, que é uma "forma durável", fixa, podemos dizer.

Tentaremos então explicar, que o espírito não tem Pátria, porém, conserva em si ou forma a sua alma pelos caracteres psíquicos de vários renascimentos, em diferentes Pátrias. Os ocupantes das formas que revelam um Karma limpo, uma iluminação interior, é que são chamados a cumprir missão na Lei de Umbanda, e por seus conhecimentos e afinidades, são ordenados em uma das Três Formas já citadas... velando assim suas próprias vestimentas karmânicas.

Esta metamorfose é comum aos que tomam a função de Orixás ou Guias que assim procedem, escolhendo por afinidade uma dessas formas em que muito sofreram e evoluíram numa encarnação passada.

Quando à chamada apresentação desses Espíritos, cremos ter ficado patente que o fazem sempre e invariavelmente dentro dessas três roupagens fluídicas como Orixás, Guias e grande percentagem dos que chamamos de Protetores, porque, parte destes, não necessita dessa adaptação, por já conservarem como próprias.

Nesta altura, faz-se necessário uma elucidação: sabemos, pelos ensinamentos dos Orixás, que essa Lei, essa Umbanda, é vivente em outros países, talvez não definida ainda com este nome, porém, os princípios e regras serão os mesmos. Quanto às "formas" são ou poderão ser as três que simbolizem, nestes países, os mesmos qualificativos que os nossos, ou sejam os mesmos no Brasil(Pureza,Simplicidade e Humildade). Agora por suas apresentações nos aparelhos (médium) devemos compreender como:características tríplices das manifestações chamadas incorporativas, que se externam: E essas características, salvo situações especiais, são inalteráveis em qualquer aparelhos, cujo Dom real o qualifique como Inconsciente(totalmente dirigido) ou Semi-Inconsciente(parcialmente dirigido). Então vamos passar a identificar, de um modo geral, os sinais exteriores, os fluídos atuantes e as tendências principais dos Orixás, Guias e Protetores, através de suas "máquinas transmissoras" pelas Vibrações ou Linhas, em número de SETE.

PONTOS RISCADOS - São identificação dos Guias. Cada Guia e cada Orixá tem seu ponto riscado. Os pontos são riscados com pemba. Mas o ponto não se resume apenas a identificação de um guia, linha, falange ou Orixá; ele pode fechar o corpo de um médium, pois a escrita sagrada se utiliza de magia para que qualquer espírito perturbado não se aproxime.

PEMBA - Espécie de giz em forma cônico-arredondada, em diversas cores, como sejam: branco, vermelho, amarelo, rosa, roxo, azul, marrom, verde e preto, servindo para riscar pontos e outras determinações ordenadas pelos Guias, sendo que conforme a cor trabalhada com pemba, pode se identificar a Linha a que pertence a Entidade, ou a Linha que trabalhará naquele ponto.

Alguns elementos básicos dos Pontos Riscados
Um Ponto – O Ser Supremo, a origem.
Uma Linha Reta – O Mundo Material.
Duas Linhas Retas - O Princípio. o Masculino e o Feminino.
Uma Linha Curva – A Polaridade.
Dois Traços Curvos - As duas polaridades – positiva e negativa.
Um Triângulo de Lados Iguais – A Força Divina – Pai, Filho e Espírito Santo – Santíssima Trindade.
Dois Triângulos (Hexagrama) - Estrela de seis pontas – todas as Forças do Espaço.
Um Quadrado – O os 4 elementos (Água, Terra, Fogo e Ar).
Um Pentagrama -A Estrela de Davi e o Signo de Salomão. A Linha do Oriente, Oxalá, a Luz de Deus.
Três estrelas também representam os Velhos e Almas.
Círculo – O Universo, a Perfeição.
Um Círculo com Dois Diâmetros Entre Si – O Plano Divino, o Quaternário Espiritual.
Círculos Menores e Semicírculos – A fases da lua (símbolo de Iemanjá), forças de luz, inclui Iansã.
Círculo com Estrias Externas - O sol (símbolo de Oxalá).
Espiral – Para fora indica chamamento de força, retirando demanda.
Seta Reta ou Curva e Bodoque – Irradiação de Oxossi (caboclo).
Balança, Machado ou Nuvem – Símbolos de Xangô e do Oriente.
Raio (condições atmosféricas) – Símbolo de Iansã.
Espada Curva – Símbolo de Ogum.
Espada Reta - Símbolo de Iansã.
Bandeira Branca com Cruz Grega Vermelha - Símbolo de Ogum.
Flôr ou Coração – Símbolos de Oxum.
Coração com uma Cruz no Interior – Símbolo de Nanã.
Traços Pequenos na Vertical (chuva) - Símbolo de Nanã.
Folhas ou Plantas – Símbolos de Ossanha.
Tridentes – Símbolos para Exu e Pomba-gira; garfos curvos para a Calunga e retos para a Rua. (Pode haver ou não caveira)
Cruz Latina Branca – Cruz de Oxalá.
Cruz Grega Negra – Com pedestal, símbolo de Omulu.
Arco-íris – Símbolo de Oxumaré.
Estrela Branca (Oriente) – Luz dos espíritos.
Estrela Guia (com cauda) - Símbolo da capacidade de acompanhamento (Oriente).
Um Oito Deitado (Lemniscata) – Símbolo do Infinito.
Cordão com Nó ou um Pano – Símbolo das crianças.
Conchas do Mar – Símbolo das crianças.
Águas Embaixo do Ponto – Símbolo de Iemanjá (mar).
Pequenos Traços de água – Símbolo de Oxum.
Traço ou Linha Curva com Círculo nas Pontas – Símbolo de força, amarração e descarrego.
Rosa dos Ventos – Chamamento de força ou descarrego.
Palmeiras ou Coqueiros – Força dos Velhos
Traço com Três Semicírculos nas Pontas - Descarrego e força também.

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