· 15 de novembro de 1908 - Zélio de Moraes, então com dezessete anos, mediunizado com uma entidade que deu o nome de Caboclo das Sete Encruzilhadas, funda, em Neves, subúrbio de Niterói, o_primeiro terreiro de Umbanda. Usa pelo primeira vez o vocábuloUMBANDA, e define o movimento religioso como: "Uma manifestação do espírito para a caridade".
· Novembro de 1918 O Caboclo das Sete Encruzilhadas dá início à fundação de sete Tendas de Umbanda. Todas as Tendas foram fundadas no Rio de Janeiro.
· Ano de 1920 - A Umbanda espalha-se pelos Estados de São Paulo, Pará e Minas Gerais. Em 1926 chega ao Rio Grande do Sul e em 1932 em Porto Alegre.
· O advento do Caboclo Mirim - Em 1924, manifestou-se no Rio de Janeiro, em um jovem médium, Benjamim Figueiredo, uma entidade, Caboclo Mirim, que vinha com a finalidade de criar um novo núcleo de crescimento para a Umbanda. Assim, toda a família do médium foi chamada a participar. Eram ao todo 12 pessoas que deram início ao que foi chamada a Seara de Mirim. Após 18 anos, em 1942, foi fundada a Tenda Mirim, à rua Sotero dos Reis, 101, Praça da Bandeira; mudou - se, posteriormente, para a rua São Pedro e depois para a Rua Ceará, hoje Avenida Marechal Rondon, 597. Também desta Tenda saíram vários médiuns que se responsabilizaram pela criação de Tendas de Umbanda ao longo de todo território nacional. A primeira casa dela descendente foi criada, em 30/06/51, como filial, em Queimados, Nova Iguaçu, à rua Alegre, s/n. Depois desta, novas casas foram abertas em Austin, Realengo, Colégio, Jacarepaguá, Itaboraí e Petrópolis. A primeira casa, descendente do Caboclo Mirim, aberta fora do Rio de Janeiro foi a de Assaí, no Paraná. Até 1970, já tinham sido abertas 32 casas.
· Ano de 1939 - Os Templos fundados pelo Caboclo das Sete encruzilhadas reuniram-se, criando a federação Espírita de Umbanda do Brasil, posteriormente denominada União Espiritualista de Umbanda do Brasil, incorporando dezenas de outros terreiros fundados por inspiração de "entidades" de Umbanda que trabalhavam ativamente no astral sob a orientação do fundador da Umbanda.
· Outubro de 1941 - Reúne-se o Primeiro Congresso de Espiritismo de Umbanda. Outros Congressos havido posteriormente retiraram acertadamente o nome espiritismo que, de fato, pertence aos espíritas brasileiros, os quais seguem a respeitável doutrina codificada porAlan Kardec. Em suma, o na Umbanda pratica-se o Umbandismo. |
· Neste Congresso foi apresentada tese pela Tenda S. Jerônimo, propondo a descriminalização da prática dos rituais de Umbanda. O autor, Dr. Jayme Madruga, a par de um minucioso estudo de todas as constituições já colocadas em vigência no Brasil, busca também em projetos como o da Constituição Farroupilha e nos códigos penais até então vigentes e no que haveria de vigorar após 01 de janeiro de 1942, os argumentos mostrando que o caminho da Umbanda começava a ser aberto e que caberia aos Umbandistas buscar acelerar o processo com declarações e resoluções partindo daquele congresso, em prol da descriminalização da prática da Umbanda. Em 1944, vários umbandistas ilustres, entre eles vários militares, políticos, intelectuais e jornalistas, apresentam ao então Presidente Getúlio Vargas um documento intitulado "O Culto da Umbanda em Face da Lei" e consegue daquela autoridade a descriminalização da Umbanda. Este fato, que foi extremamente positivo, trouxe como subproduto uma perda de identidade muito grande Por parte de nossa religião, uma vez que todos terreiros, das mais variadas seitas, incluíram em seus nomes a palavra Umbanda como forma de fugir à repressão policial. Como nossa religião, nessa época, não tinha um rito claramente definido e nem a formação de sacerdotes, o que gera uma hierarquia, a Umbanda ficou à mercê dessa deturpação; outro fato que fortaleceu essa descaracterização foi que, sendo um período de crescimento, não se buscava a qualidade dos Terreiros que se filiavam à Federação, ou à União que lhe sucedeu, e, finalmente, ao CONDU. · Foi criado em 12 de setembro de 1971, na cidade do Rio de Janeiro, o Conselho Nacional Deliberativo de Umbanda - CONDU, que congrega as Federações de Umbanda existentes ao longo do país, atualmente, contando com mais de 46 Federações, de norte a sul do país, reunindo representantes de mais de 40.000 Terreiros de Umbanda. " · Em 1972, em mensagem psicografada por Omolubá, enviada pelo poeta Ângelo de Lys, confirma-se a origem da Umbanda no Brasil, através do médium Zélio de Moraes. · Em 1977, o CONDU reconhece, publicamente, como verdadeira a origem da Umbanda no Brasil. · Novembro de 1978 - Surge o livro "Fundamentos de Umbanda, Revelação Religiosa", de Israel Cisneiros e Omolubá, que vem colocar nos seus devidos lugares a questão da origem da Umbanda. - portador de mensagens do astral, trazendo, por fim, após 70 anos de existência da Umbanda, as bases teológicas e norteadoras da doutrina umbandista, com fundamentos integrais da nova religião e sua verdadeira origem. O livro expõe a estrutura básica do movimento religioso, no sentido de elevar a Umbanda à justa posição de RELIGIÃO eminentemente brasileira. Neste momento, que podemos definir como sendo o início desse novo período; assume-se a Umbanda como religião brasileira e através desse livro começa o primeiro movimento consistente para dar a ela uma base teológica. Após este primeiro livro, seguir-se-ão outros, de Omolubá, em especial os "Cadernos de Umbanda", que incontestavelmente dão continuidade ao movimento de consolidação do ritual de Umbanda e, mais ainda, a criação de uma hierarquia, baseada na formação sacerdotal, fundamental para a manutenção das bases ritualísticas e conceituais apresentadas na primeira obra: Fundamentos de Umbanda.
Decorridos setenta anos de existência da Umbanda no Brasil, compreendidos entre 1908 / 1978, passou este curto espaço de tempo, porém significativo, a ser conhecido entre os estudiosos da causa como Período - Propagação da única e genuína força de credo, nascido neste século, em terras brasileiras.
Certamente que Zélio de Moraes, famoso médium já desencarnado, não iria supor que passadas menos de seis décadas, aquela crença, nascida no modesto bairro de Neves, fosse classificada, entre as religiões existentes, como a segunda do país, comportando mais de vinte milhões de seguidores, num crescendo espantoso de fiéis, apesar das perseguições policiais a que foi submetida, das intrigas da religião majoritária, além do completo descaso de todos os governos até a data atual, mesmo tratando-se de uma preferência natural, espontânea, de mais de um sexto da população. Hoje, o movimento mágico e religioso da Umbanda estende-se por todo o Brasil, professado como pobreza e humildade, sem proselitismo, sem explorações na magra bolsa do povo, sem dízimo compulsórios, mistérios mistificantes e regular envio a "royalties da fé" para o exterior.
Embora a Umbanda se apresente, muitas vezes, uma tanto desfigurada, com nuanças religiosas, reconhecemos que isso decorre desse período-propagação, no afã de conquistar almas, ainda que respeitando ambientes regionais. E nunca deixou, através das verdadeiras guias, de oferecer amparo prático, ajuda, orientação e, sobretudo, de inspirar o desejo de reascendimento dos corações que dela se socorrem, apontando sempre a eterna chama da esperança de dias melhores, calcados, naturalmente, na ação correta de cada instante, na cordura, no companheirismo e na fraternidade.
Os mentores da Umbanda, sediados na Aruanda (cidade localizada no plano astral), já determinaram sabiamente o procedimento normativo, religioso para os setenta anos vindouros, 1979/2049, como sendo o período de Afirmação Doutrinária. Obviamente, a doutrina deUmbanda ficará como ponto essencial para a estabilidade e perpetuação desse movimento, na forma digna, ensejada pelo estudo constante, a par do esforço sincero de cada devoto, no sentido de conduzir a Umbanda, no plano físico, a um merecido status de religião organizada, a serviço da comunidade religiosa nacional.
No imenso campo místico da nossa Terra, onde proliferam, abundantemente, conceituações religiosas diversas, algumas das quais exóticas, cheias de superstições, interpretações confusas e duvidosas, mercantilismo, fanatismo, mistificações, "curas divinas" e desonesto profissionalismo pastoral, a Umbanda, sobranceira, erguerá seu edifício religioso, tendo como obreiros da primeira e da undécima hora, devotos excepcionais, médiuns sinceros, babalorixás e ialorixás honestos que, há muito, já assumiram posição na hierarquia de responsabilidade e trabalho, cônscios de que a quantidade será relegada a segundo plano, em proveito da qualidade, e convictos de que, em matéria doutrinária, não pode nem deve haver transigências oportunistas, confirmando-se, desse modo, que "Umbanda é coisa séria para gente séria".
Umbanda, sendo a única religião criada no Brasil, não pode ser dividida. Quem tiver esta pretensão cairá no ridículo. A nossa religião deve ser tratada com todo carinho, amor, serenidade e estudo, sobretudo com a renovação de caráter dos que a professam para que a mesma possa espelhar a grandeza de sua doutrina. A Umbanda se sente desmerecida com o tratamento que lhe dispensam boa parte de terreiros onde se vê: · mais interesses cúpidos do que magias; · mais deslealdades do que autenticidades; O sacrifício de animais (oferenda de sangue) nunca foi, não é e nem será ritual de Umbanda. · Não cobrar, · não matar, · usar o branco, · e utilizar as forças da natureza são rituais de Umbanda. Portanto, podemos afirmar que a Umbanda é produto da evolução_espiritual ou religiosa. Suas origens estão contidas nas filosofias orientais, fonte inicial de todos os cultos do mundo civilizado, que implantada em nossa terra, reuniu-se as práticas dos conceitos e crenças do índio, branco e negro. Cavalcante Bandeira reporta-se aos mestres do idioma africano, citando o vocábulo umbanda como: · "Arte de curar", · "Magia", · "Faculdade de curar por meio da medicina natural ou sobrenatural"; · ou ainda "Os sortilégios que, segundo se presume, estabelecem e determinam a ligação entre os espíritos e o mundo físico". O vocábulo "Umbanda" só pode ser identificado dentro das qualificadas línguas mortas. Todavia, entre os angolenses existe o termo "Quimbanda", que significa "sacerdote, invocador de espíritos", firmado no radical mbanda , conservado através de milênios, legado de tradição oral da raça africana, o qual é uma corruptela do original u-banda ou aum-bandhã. "Toda essa complexa Mistura, que o leigo chama de macumba, baixo espiritismo, magia negra, envolvendo práticas fetichistas e barulhentas... era a situação existente, quando surgiu um vigoroso movimento de luz, ordenado pelo astral superior, feito pelos espíritos que se apresentavam como Caboclos, Pretos Velhos e Crianças. Surgiram práticas as mais confusas e desordenadas, envolvendo oferendas com sacrifício de animais, sangue, etc., e por isso tudo fez-se imprescindível um novo movimento dentro desses cultos ou de sua massa de adeptos, feito pelos espíritos carminantes afins a essa massa e pelos que, dentro de afinidades mais elevadas, se aplicam no amor e narenúncia em prol da evolução_de_seus_semelhantes, o qual foi lançado através da mediunidade de uns e outros pelos Caboclos e Pretos Velhos, com o nome de Umbanda. O termo umbanda que eles implantaram no meio para servir de bandeira a essa poderosa corrente (ensinaram que) é um termo litúrgico, sagrado, vibrado, que significa, num sentido mais profundo, o conjunto das leis de Deus". A Umbanda é um "movimento mágico religioso", genuinamente brasileiro, e a sua finalidade primordial como religião é a de despertar anseios de espiritualidade na criatura humana. Para que esse despertamento se faça, torna-se necessário um permanente estado de religiosidade, onde toda vivência é baseada na compreensão e plena sensibilidade (não sentimentalismo), para com tudo e todos que nos cercam e compõem a humanidade. A Umbanda é uma doutrina espiritualista como o Espiritismo, o Catolicismo, o Esoterismo, etc... o que não impede de haver entre elas diferenças essenciais que lhe dão características próprias. É resultante natural da fusão espiritual das raças branca, índia e negra. Sua lei principal é resumida numa só palavra: CARIDADE - no sentido do amor fraterno em benefício dos seus irmãos encarnados, qualquer que fosse a cor, a raça, o credo e a condição social, não podendo haver ambicioso, vaidoso, mistificadores, pois estes, mais cedo ou mais tarde, são afastados da Umbanda pelos espíritos de luz. BIBLIOGRAFIA: | ESTUDO DA UMBANDA 1, 2, 3 E 4 DO CENTRO ESPÍRITA VOVÓ JOANA DA BAHIA. RUA 126 Nº 148 - JARDIM DA PAZ - MAUÁ - RIO DE JANEIRO |
| UMBANDA - RELIGIÃO DO BRASIL- EDITORA OBELISCO |
| A UMBANDA BRASILEIRA - JOSÉ FONSECA |
| O CULTO DE |UMBANDA EM FACE DA LEI- VÁRIOS UMBANDISTAS -RIO DE JANEIRO/1944 |
| SELEÇÕES DE UMBANDA - BABALORIXÁ OMOLUBÁ |
| UMBANDA - SUA CODIFICAÇÃO EDYR ROSA GUIMARÃES ALMIR S. M. DE LIMA |
| MAGIA DE UMBANDA BABALORIXÁ OMULUBÁ |
| CADERNOS DE UMBANDA Nº 3 - BABALORIXÁ OMULUBÁ |
| GRAVAÇÕES FEITAS PELA VOZ DE ZÉLIO DE MORAES. E POSTERIORMENTE POR SUAS FILHAS ZÉLIA E ZILMÉIA. |
Todos os documentos que comprovam a verdade destes fatos estão arquivados na CASA BRANCA DE OXALÁ TEMPLO UMBANDISTA - Rua Barbacena 35 - Lagoa Santa - Minas Gerais CEP 33400-000 Dirigentes: Solano de Oxalá e Maria de Omolú |
Em 1935 estavam fundados os sete templos idealizados pelo caboclo das Sete Encruzilhadas, coroando de êxito o que nos parece ter sido um dos movimentos, entre outros semelhantes e não registrados, mais importantes da criação da Umbanda no Brasil. Zélio desencarnou em outubro de 1975, aos 84 anos de idade. De seu trabalho resultou a Umbanda de hoje, que abrange cerca de 30 milhões de adeptos, segundo estimativas apresentadas no 2º Festival Mundial de Artes Negras, realizado em Lagos, na Nigéria, pelo professor René Ribeiro, da Universidade Federal de Pernambuco, que demonstrou que a Umbanda era a religião que mais crescia no Brasil. O professor Ribeiro baseou-se em dados do IBGE. |
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