É tudo culpa do Exu.
Comecei a ouvir essa frase dita em tom de brincadeira, pois nos fóruns de debate umbandistas sempre que algo era questionado e não se encontrava uma explicação plausível, saía-se com a máxima de que “tudo é culpa do Exu”. Tratava-se de uma brincadeira, mas percebi que as pessoas não tinham uma compreensão sobre o real papel de Exu no mundo espiritual. Nem convém aqui descrever novamente a importância de Exu na segurança de uma casa espiritualista – ou mesmo de uma igreja (vide o texto “O Exu na Igreja Evangélica”) – e nas esferas espirituais mais densas. Trata-se de questionar o umbandista acerca de sua compreensão sobre o Exu.
Não é de hoje que noto irmãos umbandistas referindo-se a Exu como entidade negativa, sem luz, possuidora de uma personalidade ambígua e duvidosa. Da mesma forma imputam à pombogira um estereotipo totalmente voltado à sexualidade, muitos afirmando até que foram prostitutas quando viveram na terra, como se isso fosse via de regra.
Ainda somos muito pequenos perante a imensidão complexa e ao mesmo tempo tão simples da espiritualidade. Não conseguimos compreender as coisas mais óbvias e saímos por repetindo impropérios sobre aquilo que deveríamos ter o mínimo de conhecimento.
Nenhum mistério é tão grande que possa resistir à fragilidade da luz. Buscar o entendimento da própria religião deveria ser um dever de cada umbandista, porém é mais fácil acreditar no senso comum, sem nada questionar, repetindo apenas coisas que mais parecem lendas do que realidades lógicas do mundo espiritual.
Quantas e quantas vezes o Exu leva a culpa pelas desgraças que acontecem na vida das pessoas? Estariam nossos compadres tão propensos ao mal? Não se trata de querer dar ao Exu características angelicais, as quais creio que os próprios refutariam, mas também não podemos cair naquela conversa infantil que sempre caminha no sentido de demonizar o Exu.
O universo e seu funcionamento é dual, mas Exu é coerente. Sendo um espírito na condição de nos auxiliar (e como auxiliam), caíram na contradição de auxiliar na vida e nos trabalhos umbandistas e, em seguida, tornarem-se obsessores que forçam as suas vítimas a procurar ajuda em outra casa umbandista? Exu não é burro, nem sequer ingênuo, mas infelizmente muita gente não sabe distinguir Exu de kiumba.
Mas como dizem, é tudo culpa do Exu. Os mesmos que o acusam de espírito obsessor lotam os terreiros nas chamadas giras de esquerda. Sim, pois é a ele que recorrem quando a água bate na bunda. E lá estão os Exus, a aconselhar, a orientar e, dentro do merecimento e da permissão da Lei Universal, a ajudar os mesmos que dali a alguns dias dirão que era tudo culpa do Exu.
Apesar dos modos rudes, os Exus são resignados, pois mesmo com tudo isso, continuam exercendo sua tarefa com dignidade e paciência. E os templos continuam lotados nas giras de Exu, porque eles fazem, eles ajudam sem muitas delongas. E se os terreiros estão cheios, também a culpa é do Exu.
Douglas Fersan
Comecei a ouvir essa frase dita em tom de brincadeira, pois nos fóruns de debate umbandistas sempre que algo era questionado e não se encontrava uma explicação plausível, saía-se com a máxima de que “tudo é culpa do Exu”. Tratava-se de uma brincadeira, mas percebi que as pessoas não tinham uma compreensão sobre o real papel de Exu no mundo espiritual. Nem convém aqui descrever novamente a importância de Exu na segurança de uma casa espiritualista – ou mesmo de uma igreja (vide o texto “O Exu na Igreja Evangélica”) – e nas esferas espirituais mais densas. Trata-se de questionar o umbandista acerca de sua compreensão sobre o Exu.
Não é de hoje que noto irmãos umbandistas referindo-se a Exu como entidade negativa, sem luz, possuidora de uma personalidade ambígua e duvidosa. Da mesma forma imputam à pombogira um estereotipo totalmente voltado à sexualidade, muitos afirmando até que foram prostitutas quando viveram na terra, como se isso fosse via de regra.
Ainda somos muito pequenos perante a imensidão complexa e ao mesmo tempo tão simples da espiritualidade. Não conseguimos compreender as coisas mais óbvias e saímos por repetindo impropérios sobre aquilo que deveríamos ter o mínimo de conhecimento.
Nenhum mistério é tão grande que possa resistir à fragilidade da luz. Buscar o entendimento da própria religião deveria ser um dever de cada umbandista, porém é mais fácil acreditar no senso comum, sem nada questionar, repetindo apenas coisas que mais parecem lendas do que realidades lógicas do mundo espiritual.
Quantas e quantas vezes o Exu leva a culpa pelas desgraças que acontecem na vida das pessoas? Estariam nossos compadres tão propensos ao mal? Não se trata de querer dar ao Exu características angelicais, as quais creio que os próprios refutariam, mas também não podemos cair naquela conversa infantil que sempre caminha no sentido de demonizar o Exu.
O universo e seu funcionamento é dual, mas Exu é coerente. Sendo um espírito na condição de nos auxiliar (e como auxiliam), caíram na contradição de auxiliar na vida e nos trabalhos umbandistas e, em seguida, tornarem-se obsessores que forçam as suas vítimas a procurar ajuda em outra casa umbandista? Exu não é burro, nem sequer ingênuo, mas infelizmente muita gente não sabe distinguir Exu de kiumba.
Mas como dizem, é tudo culpa do Exu. Os mesmos que o acusam de espírito obsessor lotam os terreiros nas chamadas giras de esquerda. Sim, pois é a ele que recorrem quando a água bate na bunda. E lá estão os Exus, a aconselhar, a orientar e, dentro do merecimento e da permissão da Lei Universal, a ajudar os mesmos que dali a alguns dias dirão que era tudo culpa do Exu.
Apesar dos modos rudes, os Exus são resignados, pois mesmo com tudo isso, continuam exercendo sua tarefa com dignidade e paciência. E os templos continuam lotados nas giras de Exu, porque eles fazem, eles ajudam sem muitas delongas. E se os terreiros estão cheios, também a culpa é do Exu.
Douglas Fersan
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