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Amigos da Umbanda!!! Saravá aos Pretos Velhos e Pretas Velhas!!!!!!!

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

A História do Velho Meji

“Quando a alma queima de amor e

o ser eleva-se além das estrelas;

Quando o espírito liberta-se da ilusão

e os olhos contemplam a Unidade;

Quando o eu desaparece no

turbilhão do divino;

Finalmente o toque da Luz...”


Era tarde, o céu já estava tingindo com a cor que antecede o anoitecer. O Sol, tímido, escondia-se na linha do hori­zon­te. A tudo eu contemplava, pensan­do no milagre da natureza. Logo chega­ria a noite e a luz das estrelas beijaria a face da terra. Romance que acontece des­de o prelúdio dos tempos e que inspira os amantes com sua beleza. Sim, aqueles olhos terrenos tão cansados, mas que no meio das tristezas, aprendeu a ver a verdade do milagre...
 De repente uma pontada no peito. Coração de nêgo já não era forte para a matéria, estava cansado de trabalhar. Mas para o espírito, era ele a grande riqueza. Lá estavam as cicatrizes que nos fazem co­rajosos como o jasmim. Os tesouros do amor e da amizade, as belezas da vida. Coração, tão maltratado pela humani­dade. Coração, altar da imortalidade...
A vida passa rápido. Naquele instan­te, como um raio que corta o firmamen­to. Toda ela, dançando a frente dos meus olhos. Senti saudade dos sorrisos. Das lágrimas o calor. E assim, entre o choro e a alegria, o espírito desabrochou...
 O corpo tombou, sedento por voltar a terra... O espírito voou, como um pássaro celeste... Homens e mulheres choraram a ilusão da morte... Mas a natureza, essa cantou a melodia da vida...
 Minha alma tocava o céu em êxtase. A existência descortinava-se para mim, pois agora o grilhão do corpo estava rompido. E a morte, o mergulho do corpo em direção a Mãe Terra, estava longe. Na consciência tudo vive...
 E eu vivia! A chama da vida ardia em meu peito espiritual como nunca. E nes­se contentamento, nessa bem-aventurança incrível, dancei. Dancei e rodei como tantas vezes fiz. A sagrada dança dos Orixás, gestos que simbolizam as forças da Criação...
 E tanto dancei, que me esqueci do velho negro Meji. Esqueci de tudo inclusi­ve. Simplesmente esqueci...
 E nesse esquecimento alguém disse:
 “Aquele que busca a Luz, que morra mesmo depois de morrer...”
 E foi ali, perdido no vazio, esquecido, que a gota de orvalho finalmente voltou ao oceano.
 Ah, o Orun! A terra querida dos Orixás... Tanto busquei Iansã nos raios, mas neles encontrei apenas o seu olhar... Oxalá nas nuvens, mas nelas apenas o seu semblante... Iemanjá em cada gota d’ água, e o que encontrei foi uma pequena pérola de seu colar...
 Finalmente, na morte depois da morte, a eles eu realmente me devotei. Girando em volta do axé plantado no meu coração. Dançando de frente para o verdadeiro congá. Apenas aqui eu realmente os encontrei. Aqui eles sempre estiveram. O coração é o maior ilê, o maior dos congás. Não existe mistério maior que esse. Não pode existir. Mas, mesmo que você saiba disso, só morrendo para entender...
 - “Meji, quem é você? Um negro escravo? Um velho sacerdote? _ a voz da Existência lhe perguntou.
 - Meji? Sacerdote? Negro? Não. Essa não é a verdadeira natureza do EU...
 - Mas então QUEM É VOCÊ?”
 E nada mais se sabe a respeito do velho Meji. A lenda conta que sua boca não respondeu, mas sua alma inflamou e ele queimou de amor. Morreu novamen­te. Foi, enfim, viver a realidade de Oxalá, seu querido Pai. No seio do grande babá, finalmente se encontrou...
 Essa história ainda pode ser ouvida quando as estrelas surgem no céu. Dizem que o velho Meji é uma delas, brilhando serena no firmamento. Iluminando e velando os terreiros. É hoje uma das muitas jóias que ornam o Ori do velho e querido papai Oxalá...
 Êpa Babá!
 
Pai Antônio de Aruanda em 15/02/07 -Mensagem recebida por Fernando Sepe

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