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Amigos da Umbanda!!! Saravá aos Pretos Velhos e Pretas Velhas!!!!!!!

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Licões de Preto Velho

Cenário: reunião mediúnica num Centro Espírita. A reunião na sua fase teórica desenrola-se sob a explanação do Evangelho Segundo o Espiritismo. Os membros da selecta assistência ouvem a lição atentamente. Sobre a mesa, a água a ser fluidificada e o Evangelho aberto na lição nona do capítulo dez: "O Argueiro e a trave no olho".
Dr. Anestor, o dirigente dos trabalhos, tecia as últimas considerações a respeito da lição daquela noite. O ambiente estava impregnado das fortes impressões deixadas pelas palavras do Mestre: "Por que vês tu o argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu?". Findos os esclarecimentos, apagaram-se as luzes principais, para que se desse abertura à comunicação dos Espíritos.
Um dos presentes fez a prece e deu-se início às manifestações mediúnicas. Pequenas mensagens, de consolo e de apoio, foram dadas aos presentes. Quando se abriu o espaço destinado à comunicação das entidades não habituais e para os Espíritos necessitados, ocorreu o inesperado: a médium Letícia, moça de educação esmerada, traços delicados, de quase trinta anos de idade, dez dos quais dedicados à educação da mediunidade, sentiu profundo arrepio percorrendo-lhe o corpo. Nunca, nas suas experiências de intercâmbio, tinha sentido coisa parecida. Tomada por uma sacudidela incontrolável, suspirou profundamente e, de forma instantânea, foi "dominada" por um Espírito. Letícia nunca tinha visto tal coisa: estava consciente, mas seus pensamentos mantinham-se sob o controle da entidade, que tinha completo domínio da sua psiquê.
O dirigente, como sempre fez nos seus vinte e tantos anos de prática espírita, deu-lhe as boas vindas, em nome de Jesus:
- Seja bem vindo, irmão, nesta Casa de Caridade, disse-lhe
Dr. Anestor.
O Espírito respondeu:
"Zi-boa noite, zi-fio. Suncê me dá licença pra eu me aproximá de seus trabaios, fio?".
- Claro, meu companheiro, nosso Centro Espírita está aberto a todos os que desejam progredir, respondeu o director dos trabalhos.
Os presentes perceberam que a entidade comunicante era um preto-velho, Espírito que habitualmente comunica-se em terreiros de Umbanda. A entidade comunicante continuou:
"Vós mecê não tem aí uma cachaçinha pra eu bebê, Zi-Fio ?".
- Não, não temos, disse-lhe Dr. Anestor. Você precisa se libertar destes costumes que traz de terreiros, o de beber bebidas alcoólicas. O Espírito precisa evoluir, continuou o dirigente.
"Vós mecê não tem aí um pito? Tô com vontade de pitá um cigarrinho, Zi-fio".
- Ora, irmão, você deve deixar o hábito adquirido nas sessões de Umbanda, se queres progredir. Que benefícios traria isso a você?
O preto-velho respondeu:
"Zi-preto véio gostou muito de suas falas, mas suncê e mais alguns dos que aqui estão, não faz uso do cigarro lá fora, Zi-fio? Suncê mesmo, não toma suas bebidinhas nos fins de sumana? Vós mecê pode me explicá a diferença que tem o seu Espírito que bebe whisky, no fim de sumana, do meu Espírito que quer beber aqui? Ou explicá prá mim, a diferença do cigarrinho que suncê queima na rua, daquele que eu quero pitá aqui dentro?".
O dirigente não pôde explicar, mas ainda tentou arriscar:
- Ora, meu irmão, nós estamos num templo espírita e é preciso respeitar o trabalho de Jesus.
O Espírito do preto-velho retrucou, agora já não mais falando como caipira:
"Caro dirigente, na Escola Espiritual da qual faço parte, temos aprendido que o verdadeiro templo não se constitui nas quatro paredes a que chamais Centro Espírita. Para nós, estudiosos da alma, o verdadeiro templo é o templo do Espírito, e é ele que não deve ser profanado com o uso do álcool e fumo, como vem sendo feito pelos senhores. O exemplo que tens dado à sociedade, perante estranhos e mesmo seus familiares, não tem sido dos melhores. O hábito, mesmo social, de beber e fumar deve ser combatido por todos os que trabalham na Terra em nome do Cristo. A lição do próprio comportamento é que é fundamental na vida de quem quer ensinar".
Houve profundo silêncio diante de argumentos tão seguros. Pouco depois, o Espírito continuou:
"Desculpem a visita que fiz hoje e o tempo que tomei do seu trabalho. Vou-me embora para o lugar de onde vim, mas antes queria deixar a vocês um conselho: que tomassem cuidado com suas obras, pois, como diria Nosso Senhor, tem gente "coando mosquito e engolindo camelo". Cuidado, irmãos, muito cuidado. Deixo a todos um pouco da paz que vem de Deus, com meus sinceros votos de progresso a todos que militam nesta respeitável Seara".
Deu uma sacudida na médium, como nas manifestações de Umbanda, e afastou-se para o mundo invisível. O dirigente ainda quis perguntar-lhe o porquê de falar "daquela forma". Não houve resposta. No ar ficou um profundo silêncio, uma fina sensação de paz e uma importante lição: lição para os confrades meditarem.


Autor: José Queid Tufaile

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Verdadeira Humildade

Mensagem de um preto-velho
Escrita por Pedro Rangel T. Sá

Estava eu em um terreiro de umbanda intensamente acolhedor participando de uma Gira de Preto-velho, preste a terminar, quando uma Entidade desta linha de trabalho umbandista convidou-me a sentar em sua frente.
— Saravá zifio! Suncê é o ultimo filho de Deus que Nêgo atende no dia de hoje, mas tem nada não né fio por que muitas vezes os últimos acabam sendo mesmo os primeiros, não é?
— É verdade Pai, mas é que eu não estou entendendo uma coisa.
— Calma fio, este Nêgo já escuta suncê, mas antes gostaria de lhe dar um presente.
— Presente?
— É fio! Nêgo pode?
— Por favor, meu Pai, fique à vontade!
— Pois então Nêgo pede que suncê jamais se esqueça que o presente é somente pro fio e que este presente é umas palavras que escrita neste pedacinho de papel.
A Entidade estendeu sua destra para me entregar o papel e, quando fiz menção de abri-lo, disse para mim:
Fio, Nêgo pede a suncê que não abra este presente agora não senão ele vai ficar envergonhado.
— Sim senhor.
Nêgo pede, antes, que suncê dê um presente a ele perguntando o que suncê não entendendo.
— Bom meu Pai, o que eu não estou entendendo é que sempre que visito algum dos Senhores em alguns momentos do sono físico fico como se fosse um repórter: olhando e pesquisando tudo que me for permitido relatar posteriormente na forma de mensagens.
— E o que o fio não entende?
— É que, pelo o que eu estou entendendo o senhor vai me dar uma consulta, não é isso?
— Não fio, Nêgo só quer agradecer suncê!
— Ah, ta!
— Mas se Nêgo fosse dar uma consulta suncê ia achar ruim?
— Não. Eu só iria achar estranho e inusitado, pois isto, conscientemente, nunca aconteceu, antes, em um sonho.
Fio, permita-se viver e descobrir as novidades e a dinâmica da vida sem transformá-las em uma fórmula. Não é por que algo nunca aconteceu com suncê antes que não poderia acontecer agora, certo?
— O senhor tem razão.
— Nunca queira dizer que sabe tudo da religião que suncê professa pelo fato de ver os fenômenos acontecerem sempre da mesma forma. Ponha-se sempre na condição de um eterno aprendiz.
— Sim senhor, perdão!
Suncê não precisa pedir perdão não zifio. Nêgo é que tem de se desculpar por estar falando demais.
— O senhor não precisa pedir desculpas, pois é sempre bom eu estar relembrando esta questão da eterna aprendizagem sobre a umbanda a fim de que eu sempre possa estar exercitando a divina virtude da humildade.
Nêgo pede perdão a suncê por que ele não gosta muito de falar, mas sim de escutar.
— Pôxa meu Pai, é uma pena por que eu não tenho nada para falar, mas sim para agradecer a Vossa lembrança na questão do eterno aprendizado umbandista.
— Então Nêgo se despede do fio pedindo a Zambi que ilumine e abençoe suncê em sua jornada e dizendo a fio que Nêgo é que sempre vai ter o que agradecer ao fio.
Eu nada respondi ao Pai velho. Fiquei pensando no agradecimento que Ele me fez e, acho que sem perceber, fiz algum tipo de careta que O fez retomar o diálogo comigo.
Nêgo inté já se despediu de suncê zifio, mas jamais poderia ir embora vendo esta “careta” de interrogação no rosto do fio. Pode perguntar pra Nêgo fio!
— Sabe meu Pai velho é que não é bem uma pergunta.
— Então é o que zifio?
— É uma observação.
— Pode falar fio.
— É que eu agradeci o senhor por ter ressaltado para mim à importância do umbandista se considerar sempre como um eterno aprendiz e o senhor me agradeceu de volta dizendo que sempre vai ter o que me agradecer.
— E o fio não concorda com este agradecimento que Nêgo fez a suncê, não é isso?
E eu, meio sem graça, respondi:
— É meu pai.
— Sempre quando nóis acaba de atender um fio suncê já viu ele agradecer a nóis e nóis agradecer a ele de volta, certo?
— Certo só que eu não entendo...
— ... calma zifio, se suncê não entende deixa Nêgo tentar explicar.
— Sim senhor.
Fio, sempre que suncê vê um de nóis, preto-velhos, agradecer um fiado quando o atendimento dele termina, lá no fundo, suncê fica pensando se nóis, na verdade, não estaria bajulando os zifios atendidos com o intuito de, através dessa bajulação, os zifios esquecer desta “imensa luz” que suncê diz que nóis tem e nos igualar a eles, não é verdade?
Devo confessar que fiquei extremamente desconcertado com esta observação precisa da Entidade amiga, no entanto, eu o respondi:
— É verdade!
Fio, Nêgo gostou de sua sinceridade, mas imagine com Nêgo:
Imagine um doutor de branco de suncês ai da terra indo para o seu lugar de trabalho e, depois de tanta preparação na escola, não aparecer um fio de terra para ele atender. Passa um dia inteiro e não aparece um paciente, passa dez dias e nada, passa um mês e nada.
— Imaginou?
— Sim senhor!
— Então responde pra Nêgo: que mérito terá este doutor de terra quando tiver que prestar esclarecimento ao seu chefe sobre o seu trabalho?
— Nenhum.
— E esse doutor que nóis imaginou, vai ter chance de subir na profissão?
— Não senhor!
— Então suncê tá acabando de dizer pra Nêgo que só o conhecimento não leva a nada se, junto dele, não estiver à prática. È isso?
— Sim senhor!
— Então suncê começando a entender: um fio que vai ao doutor de terra jamais deve se sentir apenas um receptor da ajuda dele, ele deve se sentir também um doador de ajuda ao doutor de terra. Por que sem um doutor de terra os paciente continua com seus problemas, mas sem os paciente o doutor de terra perde a oportunidade de verificar a eficácia do seu aprendizado e, com isso, aperfeiçoar suas técnicas e evoluir nos seus atendimentos. Nêgo tá mentindo?
— Não senhor!
— Então porque suncê acha que nóis mentiria pra suncê ao agradecer o fio pela oportunidade de nóis tá praticando a caridade?
— .............
— Desculpe a franqueza de Nêgo, mas suncê precisa parar de ver ele como se fosse um espírito de luz que nada mais tenha a aprender e, consequentemente, evoluir.
— Mas os senhores são espíritos de luz.
— Não zifio. Nóis, como suncês, somos espíritos. A luz, que suncês diz que nóis tem, também é de suncês por que se não fosse o atendimento de nóis com suncês, o aprendizado de nóis com suncês, nóis ainda estaria no breu da ignorância.
Ouvindo os comentários sábios da Entidade comecei a sentir o coração a “bater na boca”, uma lágrima a querer escorrer do canto de meus olhos e só pude responder:
— O senhor tem razão.
— Este Nêgo Véio pode falar o português errado, andar aos farrapos e bem devagarinho, mas se tem uma coisa que nóis não faz é bajular quem quer que seja! Quando acaba um atendimento e nóis agradece aos fiado, nóis agradecendo a oportunidade que aquele fiado tá nos dando de praticar a caridade e evoluir junto a Zambi nosso Pai. Porque esse fiado que foi atendido poderia ter muito bem procurado um outro Mano pra fazer atendedor, mas o fiado escolheu este Nêgo e Nêgo tem que agradecer porque se o fiado se consultasse com outro Mano era só o fiado que iria evoluir, pois Nêgo ia ter que ficar parado no mesmo lugar se não prestar atendimento aos zifios necessitados,
suncê não concorda?
Sim senhor.Zifio, entenda uma coisa: humildade é uma coisa, falsa humildade é outra.
— Como assim?
— Humilde não é aquele fio que tem um potencial, uma luz, e a renega com medo de atrapalhar a visão de seus companheiros de jornada com o reflexo dessa luz. Este é o falso humilde, pois o próprio mestre Jesus disse: “Que brilhe a vossa luz!!!”. Humilde mesmo zifio é aquele fiado que procura, de alguma maneira, iluminar o caminho de seus irmãos compartilhando a sua luz, não apenas pela consciência da importância desta benfeitoria, mas também para que a luz que vem de Zambi também possa iluminar o caminho dele, pois o mestre Jesus, através de seus exemplos, também deixou bem claro que: “É dando que se recebe”.
— Quando este Nêgo agradece a suncês quando termina um atendedor significa que ele procurando, de alguma forma, exercer a verdadeira humildade não apenas para iluminar o caminho dos zifios, mas também para ter um pouquinho do caminho dele alumiado com a luz que vem de Zambi nosso Pai. Sem suncês nóis não é nada. Entende zifio?
— Sim senhor!
— Na verdade zifio, quando Nêgo agradeceu suncê hoje ele viu uma luz que, ao clarear um pouco os seus caminhos, deixou a mostra uma pedra que está a obstruí-lo.
— Uma pedra?
— Exatamente. Mas o fio não se preocupe, pois o peso dela é do tamanho exato que suas forças podem remover.
— E que pedra seria essa?
— A pedra da desvalorização que o zifio tem por si próprio.
— Como???
— Por que suncê acha que quando Nêgo se despediu do fio dizendo que sempre ia ter muito que agradecer a suncê, o fio manifestou a descrença no sincero agradecimento de Nêgo? Suncê acha que é por falta de conhecimento seu sobre a nossa forma de trabalho? Pois Nêgo fala que não foi esse o causador da descrença! Nêgo fala que suncê não acreditou na sinceridade do agradecimento dele pelo fato de suncê não acreditar em si próprio. Aquele que não acredita em si próprio jamais poderá acreditar em alguém.
— Mas eu acredito no senhor.
— Quando o fio era curumim, apesar de diversas situações sinalizarem o oposto, o fio se achava feio por demais, certo?
— Certo.
— Por causa desta forma de pensar o fio pensava que jamais encontraria um rabo-de-saia pra namorico, não é verdade?
— Sim senhor.
— E quando foi que suncê arrumou um rabo-de-saia? Foi quando seus amigos falaram que suncê era capaz?
— Não.
— Então zifio, quando foi?
— Quando eu passei a acreditar em mim mesmo.
— E quando isto aconteceu suncê nem demorou a arranjar um rabo-de-saia. Não é verdade?
— Sim senhor.
— Pois então zifio este Nêgo fala pra suncê que foi este seu sentimento de inferioridade que fez o zifio duvidar da sinceridade do agradecimento dele a suncê.
— Como?
— O fato de suncê se achar inferior a Nêgo fez suncê duvidar da sinceridade do agradecimento dele ao zifio quando estava a se despedir.
— Mas eu não sou inferior ao senhor?
— Inferior em que zifio?
— Na elevação espiritual, por exemplo.
— Mas zifio, se Nêgo, ao longo de séculos, subiu um degrauzinho ou dois na escada da evolução Divina foi graças aos zifios que Zambi permitiu que ele auxiliasse!!! São as dificuldades que suncês passam na vida e que nóis tenta ajudar que fazem com que nóis, que suncês chama de Entidades, possa engatinhar na direção de Zambi. Nóis quer que suncês nunca tenha dificuldade, mas se o carma de suncês cobrar nóis tem o dever de auxiliar suncês por que fazendo isso somos nóis mesmos que estaremos sendo ajudados.
— Como assim?
— Seu sentimento de inferioridade, por exemplo, nóis queria que ele não existisse mais, mas se ele existe e nóis consegue fazer com que suncê transmute ele em auto-estima, nóis estaremos lhe ajudando, certo?
— Certo?
— E se suncê vence essa dificuldade e evolui, nóis também acabamos evoluindo, certo?
— Certo.
— Então suncê entendeu Nêgo: nóis não gosta de ver suncês triste e, se suncês tiver merecedor, nóis vai fazer de tudo que for possível para transmutar este sentimento em alegria e, se suncês vence a tristeza e evoluem na direção de Zambi nóis também vamos evoluindo e, se suncês nos agradecer por isso, nóis também temos o dever de fazer o mesmo, pois quando suncês evolui, nóis também evoluímos, entendeu?
— Sim senhor.
Nêgo fica feliz com seu entendimento, mas Nêgo quer perguntar pro fio se suncê pode fazer um favor pra ele.
— Com certeza!!!
— Então Nêgo pede pra suncê dizer a todos os seus irmãos umbandistas que nóis, que suncês chama de Entidades, temos para com eles uma divida eterna de gratidão que nos faz agradece-los ao término de cada atendimento e trabalho espiritual que realizamos em favor do próximo.
— Divida? Qual divida?
— A divida da eterna gratidão por eles auxiliar a nóis em nossa evolução rumo a Zambi nosso Pai.
— Pode deixar que eu o farei querido Pai velho.
— Então este Nêgo pode se despedir de suncê outra vez em forma de agradecimento?
— O senhor não precisa nem pedir!
— Não preciso porque agora suncê entende o agradecimento?
E eu, com os olhos cheios de lágrimas, respondi:
— Não. Não precisa porque o senhor mora no fundo do meu coração!
Ao contrário do que pensei o Preto-velho nada respondeu em relação a minha sincera manifestação de amor a Ele. Eu achei até estranho por que sei que esta linha de trabalho da umbanda é extremamente atenciosa e afetuosa, mas o Pai velho, com um sorriso enigmático na face, apenas despediu-se dizendo:
— Fique na força e na luz de Zambi, nosso Pai!!!
E eu O respondi:
— Que assim seja!!!
Após esta despedida a gira de preto-velho acabou e eu, no entanto, ao invés de retornar ao corpo físico, fiquei ali parado sem entender por que a Entidade nada me respondeu em relação a minha manifestação de carinho. Na verdade, eu já estava começando a querer ressuscitar até o meu antigo problema de inferioridade, querendo pensar que a Entidade nada me respondeu pela minha inferioridade moral e espiritual em relação a Ela. Foi quando, ao apalpar o bolso direito de minha calça eu senti um volume sutil e me lembrei do presente que o Pai velho havia me ofertado.
Sem mais demoras eu abri o pedaço de papel que se encontrava dobrado e pude ler:
“Pare de se sentir inferior zifio! Nêgo nada respondeu pessoalmente a sua manifestação sincera e pungente de carinho por que Nêgo já havia dado este presente pra suncê e se Nêgo falasse alguma coisa ia acabar estragando a sua surpresa e, se isto acontecesse, suncê poderia ficar até mesmo triste, justamente o que este Nêgo não quer, ele quer é ver suncê feliz.
Como suncê observando existe uma parte desta mensagem em que, aparentemente, não existe nada escrito.
Concentre-se de olhos abertos e segurando com as duas mãos este papel, próximo a região onde se encontra o seu coração, em todo o amor que suncê sente por suncê mesmo que o zifio acabará encontrando, aqui mesmo nessa parte em branco da mensagem, o presente de eu pra suncê
Achei inusitado o pedido de concentrar-me de olhos abertos, mas sem questionar fiz o que me foi determinado e o que aconteceu depois beira o indescritível de tão surreal: ao aproximar mediamente o papel do meio do meu tórax, concentrando-me no amor solicitado pela Entidade, eu vi uma energia sair do bilhete e formar uma bola de luz violeta que levitou até a altura acima da minha cabeça para depois adentrá-la e, quando isto ocorreu, eu percebi que todo o meu tórax estava irradiando uma coloração rósea que, ao alcançar o papel, fez com que este deixasse a mostra, na região que antes parecia não haver nada escrito, letras que formavam uma mensagem que o Pai velho havia deixado pra mim:
“Não se preocupe com a cor rosa saindo do seu tórax por que ela só significa que a luz da transmutação violeta que Nêgo Véio deixou de presente pra suncê neste pedaço de papel conseguiu transformar seu sentimento de inferioridade, devido à falta de amor por si mesmo, em auto-respeito e, somente porque isto aconteceu foi que suncê conseguiu ler este pedaço da mensagem que aparentemente estava em branco; por que somente quando se ama a si próprio, um ser humano tem verdadeira capacidade de amar o próximo e de enxergar todo o amor que este tem a lhe ofertar, por exemplo, na forma de um presente. Suncê diz que ama Nêgo e eu fico muito feliz, mas nunca esqueça de amar a si próprio, pois só assim Nêgo consegue sentir com mais intensidade todo esse seu amor. Suncê vive a recordar que não é superior a ninguém, só não esqueça de se lembrar que também não é inferior. Por ultimo, este Nêgo só tem uma coisa a mais pra dizer a suncê: suncê também mora no mais recôndito lugar do coração deste Nêgo Véio!!!.”
Nem preciso dizer que despertei em minha cama aos prantos, mas penso que, esteja onde estiver, o Pai velho do meu sonho está muito ditoso com a origem do meu pranto: uma renovada e consciente sensação de gratidão a Deus pelo sonho transmutador que acabara de ter com os amados e inestimáveis preto-velhos.


Saravá ao Divino trono da evolução!!!
Saravá a divina linha de trabalho deste Divino trono!!!
Saravá a transmutação!!!!

Luz de Oxalá


Estava eu sendo atraído através da volitação para a beira do mar quando, de repente, fui “aterrisado” na orla marítima.
À minha frente havia dezenas de pessoas com roupas do dia-a-dia e outras, em quantidade maior, vestidas com roupas brancas .
Devo confessar que esta cena chamou profundamente a minha atenção e que, justamente por este fato, eu procurei me aproximar das pessoas em questão; no entanto, antes de dar o meu primeiro passo, uma voz em minha mente, que eu já reconhecia como pertencente ao Senhor Sete Estrelas, resolveu passar algumas determinações:
— Saravá, companheiro.
— Salve vossa força Senhor Caboclo.
— Hoje você está aqui nesta noite para observar situações onde, como já lhe disse certa vez, falar é prata e calar-se é ouro. Procure então não fazer muitas perguntas e ater-se em observar tudo àquilo que lhe for possível e útil para sua evolução.
— Sim senhor!
— Então comece já a fazer suas observações por que às quatro horas da manhã, ou seja, daqui a exatas duas horas, todo este trabalho deverá estar chegando ao fim.
— Sim senhor, mas é que antes eu gostaria de fazer-lhe algumas perguntas.
— Ocorre que, como acabei de lhe dizer, se lhe respondesse sua pergunta agora estaria dando prata para sua evolução e não ouro é isso que você deseja?
— Não senhor.
— Não se preocupe que no término de sua tarefa esta noite, se você possuir alguma dúvida eu, de acordo com minhas possibilidades e com seu merecimento, procurarei esclarecê-la. Tudo bem?
— Sim senhor!
— Então vá e dê início à sua tarefa.
Assim, lá fui eu fazer minhas observações e devo ressaltar que o fato que mais me chamou a atenção foi a percepção de que todas as pessoas vestidas de branco encontravam-se de costas para o mar e eqüidistantes umas das outras por aproximadamente 1,5 metros, já as pessoas trajando roupas do dia-a-dia estavam, cada uma delas, na frente de uma pessoa vestindo branco e também eqüidistantes entre si pela mesma distância. Na realidade eram tantas pessoas que, olhando dali onde eu estava a sensação era de que o perfilamento destas pessoas era infinito.
Não sei o motivo, mas tive a impressão de que as pessoas vestidas de branco eram espíritos de médiuns encarnados que estavam ali presentes à beira mar para fazer a caridade junto às pessoas que trajavam roupas do dia-a-dia.
Após esta minha conclusão, procurei me aproximar da pessoa vestida de branco ( pertencente ao sexo masculino ) que se encontrava mais perto de mim por notar que, pela movimentação que estava acontecendo, os atendimentos já estavam próximos de se iniciarem.
Digo isto pelo fato da pessoa vestida de branco que dentre eles aparentava ser a de maior idade ter tomado quase uma dezena de passos para trás, levantado a mão e solicitado atenção como se fosse fazer algum tipo de pronunciamento.
Ao perceber que isto realmente aconteceria, eu procurei voltar toda a minha concentração para a pessoa que pedira atenção e, desta forma, pude escutá-la dizer mentalmente:
“ Amados irmãos falangeiros do Divino Pai Oxalá, estamos aqui neste fim de noite com a permissão do Divino Pai Olorum, com o intuito de estarmos tentando promover, na vida de todos estes líderes religiosos aqui presentes e dessas pessoas ligadas diretamente a eles em suas divinas tarefas de propagarem a fé, a transmutação de conceitos errôneos em idéias divinas que os ajudem a superar as dificuldades que encontram em seus templos para que, assim, eles possam cada dia mais serem verdadeiros pastores a guiarem seus rebanhos.
Peço a todos muito carinho e determinação nesta tarefa que nos foi concedida pela Sabedoria Divina.
Que Deus abençoe a todos nós!!!”
Ao escutar o homem de branco terminar a sua prédica eu me encontrava com mais dúvidas que respostas. Sim porque se ele chamou a todos os seus companheiros de branco de falangeiros de Oxalá e isto só poderia significar que eles não eram médiuns encarnados, mas sim entidades espirituais atuantes na falange de Pai Oxalá, mas que entidades seriam estas? Caboclos?
Lembrei-me então do conselho do Senhor Caboclo Sete Estrelas e procurei guardar a “prataria” das minhas dúvidas e correr atrás de minhas “douradas” observações. Continuei a aproximar-me, assim, da entidade que estava mais próxima a mim e procurei ouvir seu diálogo.
— Salve Jesus, filho. O que lhe trouxe até aqui nesta noite?
— Antes, eu poderia saber o seu nome?
— Joaquim.
— Olhe Joaquim eu estou aqui esta noite pelo fato de ter inaugurado um templo protestante há sete meses e, até agora, ter poucos freqüentadores e poucos fiéis. Para resumir, eu posso lhe dizer que abri este templo por orientação Divina e não entendo o porquê desta situação estar ocorrendo no templo. Estou a ponto de encerrar as atividades.
— Entendo.
— O que você poderia fazer para aumentar o número de fiéis?
— Pouca coisa.
— ???
— Responda meu amigo, quantas pessoas você acha que escutavam as pregações de Jesus logo assim que ele iniciou este ministério?
— Não sei dizer.
— Pois eu lhe digo que o número de pessoas era infinitamente menor do que quando ele fez o afamado e divino Sermão da montanha.
— Verdade?
— Certamente. Sabe por quê?
— Não.
— Por que Deus é sábio e nada na natureza acontece aos saltos. Jesus iniciou suas pregações falando a poucos e somente quando sua fama se espalhou, e por que lhe era chegada à hora, foi que aumentaram o número de ouvintes de suas pregações.
— Entendo.
— Entretanto, sua fama não correu boca a boca porque ele possuía intenções de ter uma multidão de ouvintes, mas sim porque ele amava tanto a Deus e a sua criação que desejava que tantos quantos estivessem a sua volta pudessem beber da fonte da água viva deste seu amor. Era tanto o amor irradiado por Jesus que até mesmo quando ele falava de coisas grandiosas como montanhas ou sobre coisas pequeninas como grãos de areia os seus ouvintes podiam facilmente sentir este amor e procuravam segui-lo e acompanhá-lo onde quer que ele estivesse para que, assim como ele, pudessem ser inundados por este amor às coisas de Deus e congregar-se em torno da fé. Entende?
— Sim.
— A ajuda que posso lhe ofertar não é prometer-lhe o aumento do número de freqüentadores de sua instituição religiosa, mas sim transmutar esta sua crença num grande número de fiéis pelo aumento do seu sentimento de fé no Divino Criador, pois quanto mais fé você possuir, maior será a quantidade de pessoas que procurarão encontrar-se ao seu redor, não porque seu templo é aconchegante ou luxuoso, mas pelo motivo que toda pessoa deve procurar uma instituição religiosa: alimentar o divino sentimento de fé. Entenda que só quem tem, possui verdadeiras condições de doar. Você deseja este auxílio no sentido divino da fé?
— Sim.
— Então se concentre companheiro.
E, dizendo isto, a entidade fechou os olhos e esticou os seus dois braços à frente, ficando com as palmas das mãos voltadas em direção ao consulente. Neste exato instante eu pude observar uma cruz de cor dourada brilhar na fronte da entidade, assim como também pude ver, simultaneamente, uma intensa claridade na coloração branca sair de seu peito e fluir pelos braços até concentrar-se nas palmas das mãos; e foi neste momento que a entidade as depositou na cabeça do consulente e este, após breves instantes, começou a estremecer todo o seu corpo e soltou um profundo suspiro para, logo após, sumir de minhas vistas.
Eu, então, ainda meio tonto com o que acabara de presenciar e procurando calar as minhas dúvidas, andei um metro e meio a minha frente com o intuito de observar o diálogo de uma outra entidade com um outro líder religioso e, assim, aprender um pouco mais sobre esta linda tarefa de praticar a caridade. O dialogo estava prestes a se iniciar:
— Salve Jesus, filho.
— Salve.
— Meu irmão, você não precisa dizer nada. O que mais o está afligindo há mais de três semanas e esta dor na coluna que nenhum médico da terra consegue sanar, não é verdade?
— É.
— E com este problema você não tem conseguido chefiar os trabalhos na instituição religiosa onde você é sacerdote, correto?
— Sim.
— Você não tem conseguido nem mesmo dormir direito, certo?
— Certo.
— Olhe irmão, esta dor na coluna é fruto de uma ativação negativa que fizeram contra você. Daqui onde estamos não posso resolver o seu problema, entretanto posso energizá-lo e fazer com que esta dor desapareça por sete horas, está entendendo?
— Sim.
— Nessa energização que eu farei contigo, além do alívio da dor, eu também estarei banhando o seu cérebro com a energia ordenadora a fim de que você, ao despertar, possa, enfim, escutar os conselhos de sua vizinha, transmutar seus conceitos equivocados relacionados a fé e procurar a instituição religiosa que é freqüentada por ela. É lá que eu vou poder, de fato, auxiliar meus companheiros a desmanchar este feitiço. Aceita meu auxílio?
— Certamente.
— Então se concentre.
E, dizendo isto, esta entidade, assim como a anterior, fechou os olhos e esticou os seus dois braços à frente, ficando com as palmas das mãos voltadas em direção ao consulente. Neste instante eu também pude observar uma cruz de cor dourada brilhar na fronte da entidade, assim como também pude ver, simultaneamente, uma intensa claridade iluminar todo o seu peito, a diferença é que desta vez, ao invés de branca, a coloração que saia do peito da entidade e fluía pelos seus braços até concentrar-se nas palmas de suas mãos era azul escuro; e foi precisamente quando suas mãos estavam iluminadas com esta cor que a entidade as depositou na cabeça do consulente e este, após breves instantes, começou a estremecer todo o seu corpo e soltou um profundo suspiro para, logo após, sumir de minhas vistas.
Eu, então, andei mais um metro e meio a minha frente e pude presenciar um novo dialogo com novos personagens:
— Salve Jesus filho. Em que eu poderia auxiliá-lo?
A entidade fizera a pergunta, mas não obtivera a resposta: é que o consulente estava profundamente calado e com os olhos voltados para baixo. A entidade espiritual, assim, buscou retomar o diálogo.
— Não precisa se preocupar companheiro, o seu tormento está acabado.
Neste exato instante o consulente levantou a cabeça e, olhando a entidade diretamente nos olhos, resolveu responder alguma coisa:
— Você diz isto por que não sabe pela dificuldade que estou passando!
— A qual dificuldade você se refere, ao flertes sensuais constantes que você vem sofrendo por parte da melhor amiga de sua esposa?
— Então você sabe.
— Sei disso e também que já há muito tempo você vem pedindo a Deus que traga alguma benção na sua vida e lhe resolva este problema, certo?
— Certo.
— Na verdade, meu irmão, você pode até não estar, e eu entendo, mas eu estou imensamente feliz com a ocorrência de toda esta situação.
— Por quê?
— Por dois motivos: o primeiro é que apesar desta situação acontecer por quase um ano e da extrema beleza e formosura da melhor amiga de sua esposa você, devido a sua imensa fé em Deus, conseguiu resistir à tentação integralmente.
— E o segundo motivo?
— O segundo motivo me dá tanta alegria quanto o primeiro, ou seja, você resistindo à tentação, conseguiu vencer a sua provação e adquiriu mais créditos junto ao Divino Criador.
— Verdade?
— Certamente. Daqui a uma semana vai fazer um ano que começou este assédio, certo?
— Correto.
— Então, este era o tempo exato de sua provação. Daqui a exatos sete dias a melhor amiga de sua esposa receberá o convite para ser sacerdote de uma nova congregação e irá aceitar o convite, acabando, assim, com este tormento.
— Graças a Deus.
— Louvado seja Deus, bendita seja a hora em que Jesus nasceu.
— Muito obrigado.
— Eu é que lhe agradeço.
— Mas por quê?
— Pela oportunidade de estar praticando o amor fraterno e incondicional, entretanto...
— ... o que foi?
— Ainda faltam sete dias para terminar sua provação. Você me permite estar realizando uma tarefa afim de que sejam geradas novas forças e determinações em seu nobre propósito de resistir às tentações?
— Com certeza.
— Então se concentre.
E, dizendo isto, esta entidade, assim como a anterior, também fechou os olhos e esticou os seus dois braços à frente, ficando com as palmas das mãos voltadas em direção ao consulente. Neste instante eu também pude ver uma cruz “acender” na fronte da entidade, assim como também pude ver, simultaneamente, uma intensa claridade iluminar todo o seu peito, a diferença é que desta vez a coloração que saia de seu peito e fluía pelos braços até concentrar-se nas palmas das mãos era azul claro; e foi no exato momento que suas mãos se iluminaram com esta cor que a entidade as depositou na cabeça do consulente e este, após breves instantes, começou a estremecer todo o seu corpo e soltou um profundo suspiro para, logo após, sumir de minhas vistas.
Andei, assim, mais um metro e meio com o objetivo de presenciar mais um diálogo com outros personagens.
— Salve Jesus filho. Em que eu poderia auxiliá-lo?
— Eu sou uma das pessoas mais ligadas ao sacerdote da instituição religiosa que freqüento.
— Compreendo.
— Acontece que o sacerdote está com uma idade muito avançada e repleto de problemas de saúde. Assim como eu existem três outras pessoas que também são intimamente ligadas ao sacerdote.
— Entendo.
— Acontece que estas pessoas estão armando intrigas e mais intrigas e disputando ferozmente entre si a preferência do sacerdote na sucessão da chefia nos trabalhos da casa . Isto está gerando muita desarmonia interna no grupo.
— Meu irmão, eu lhe digo que antes do que você pensa o atual sacerdote de seu templo nomeará naturalmente o seu sucessor no comando dos trabalhos da casa.
— Verdade?
— Digo mais: esta decisão do seu sacerdote fará com que estas três pessoas que, assim como você, são mais próximas dele se afastem do templo por livre e espontânea vontade e por tempo indeterminado.
— Mas elas são importantes!
— Não. Importantes, de verdade, são a fé, o amor e a humildade! Estes sentimentos e virtudes quase que bastam, por si só, para outorgar moralmente a uma pessoa a chefia dos trabalhos de um templo religioso.
— Mas se eles três vão embora quem será o novo sacerdote?
— Você não faz idéia?
— Sinceramente que não.
— E se eu lhe disser que ele se encontra a minha frente?
— Eu?
— Sim. Você recebeu este chamado antes de reencarnar e Deus, que sabe a hora certa de todas as coisas, está a lhe dizer que este é o seu momento.
— Na verdade, inconscientemente, eu sempre senti isto dentro de mim, mas é muita responsabilidade.
— Mas você bem que aprendeu na instituição religiosa que freqüenta o fato de que “quando o trabalhador está pronto o trabalho sempre aparece”, não é verdade?
— Sim. Você tem razão.
— A partir de hoje, sempre que possível você estará a receber a imantação do Divino sentido da justiça afim de que possa sempre exercer, com equilíbrio, todas as tarefas que lhe aguardam nesta sua nova jornada. Deseja esta imantação?
— De todo o meu coração!
— Então, se concentre!
E, dizendo isto, a entidade fechou os olhos e esticou os seus dois braços à frente, ficando com as palmas das mãos voltadas em direção ao consulente. Neste instante eu vi uma cruz brilhar na fronte da entidade, assim como também vi, simultaneamente, uma intensa claridade na cor marrom iluminar todo o seu peito e fluir pelos braços até concentrar-se nas palmas das mãos; e foi no exato momento que suas mãos se iluminaram com esta cor que a entidade as depositou na cabeça do consulente e este, após breves instantes, começou a estremecer todo o seu corpo e soltou um profundo suspiro para, logo após, sumir de minhas vistas.
Andei, assim, sem pestanejar e cheio de curiosidade mais um metro e meio a frente com o intuito claro de presenciar mais um diálogo com outros personagens.
— Salve Jesus, filho. O que lhe trouxe até aqui nesta noite?
— A insegurança.
— Você está com medo de que uma casa de caridade de onde você é membro e que funciona há mais de trinta anos venha a fechar as portas, correto?
— Sim. É que o terreno onde foi construída esta casa de caridade pertence a uma única pessoa que é, diga-se de passagem, um dos fundadores da casa.
— E agora ele está querendo tomar o terreno de volta e pedindo que vocês venham a fazer a caridade em um novo local, não é isso?
— Sim.
— E isto tudo está acontecendo por que ele é o único dentre os fundadores da casa que deseja que ela tome novos rumos no contato com o mundo espiritual: endereçar mais esforços para o cientificismo e o experimentalismo e diminuir consideravelmente os valores voltados ao assistencialismo, correto?
— Sim.
— Então não se sinta inseguro. O proprietário do imóvel vai conseguir o que quer.
— Mas....
— ...entretanto, a caridade e o desejo de ajudar o próximo não está dentro do imóvel, apenas entre quatro paredes e sob um teto, certo?
— Entendo o que quer dizer.
— A caridade tem que estar dentro dos corações e mentes e, se assim for, pouco importa o local aonde se vai exteriorizá-la para o plano físico a favor do próximo. Na realidade, eu entendo a preocupação de vocês, mas a ajuda que eu posso e devo lhe ofertar é no sentido de estar transmutando as dúvidas sobre onde praticar a caridade no futuro em certeza de que a caridade pode e deve ser praticada em qualquer lugar sem que se preocupe com templos de pedras, tendo em vista que cada ser humano é, de fato, um templo vivo de Deus. Entende?
— Perfeitamente.
— Posso ajudá-lo também no sentido de estar agregando cada vez mais o Divino sentido do amor em sua vida, afim de que possa se estabilizar emocionalmente e adquirir condições ideais de continuar em sua jornada em prol da caridade. Você deseja esta ajuda?
— Sem dúvidas.
— Então, se concentre!
E, dizendo isto, a entidade fechou os olhos e esticou os seus dois braços à frente, ficando com as palmas das mãos voltadas em direção ao consulente. Neste instante eu vi uma cruz dourada acender na fronte da entidade, assim como também vi, simultaneamente, uma intensa claridade rósea iluminar todo o seu peito e fluir pelos braços até concentrar-se nas palmas das mãos; e foi no exato momento que suas mãos se iluminaram com esta cor que a entidade as depositou na cabeça do consulente e este, após breves instantes, começou a estremecer todo o seu corpo e soltou um profundo suspiro para, logo após, sumir de minhas vistas.
Com a intenção de aprender um pouco mais sobre as coisas de Deus foi que eu caminhei mais um metro e meio a minha frente.
— Salve Jesus filho. Como eu poderia ajudá-lo?
— É o grupo de estudos do templo que freqüento.
— Você é o responsável por ministrar estes estudos, não é verdade?
— Sim, mas é que eu já não sei mais o que fazer para aprimorar e facilitar os estudos a fim de que os irmãos do templo possam captá-los com maior facilidade.
— Você se encontra desanimado em procurar conhecimentos complementares e utilizar novas didáticas em sua tarefa de expandir o conhecimento, certo?
— Verdade, é isso mesmo. Você poderia me ajudar?
— Filho, vamos por partes. Na verdade o seu desânimo é fruto de uma confusão que existe em sua mente a respeito da verdadeira função de uma casa de caridade.
— Confusão mental?
— Exatamente. Você pensa que toda instituição religiosa é, primordialmente, uma escola onde os “professores” ensinam regras de conduta e os “alunos” devem se esforçar ao máximo para absorvê-las a fim de que não sejam reprovados.
— Mas isto não é verdade?
— Prioritariamente não. Toda casa de caridade, meu irmão, é, antes de tudo, um hospital.
— Hospital?
— Sim. Um divino ambulatório freqüentado por pessoas debilitadas não só organicamente, mas também mental, emocional, moral e espiritualmente. Muitos freqüentam o templo, encontram a solução para seus problemas e vão-se embora, assim como alguém que está com problemas de saúde e vai num posto médico para encontrar a solução para seu caso vai-se embora quando se sente melhor.
— Mas e aquelas pessoas que chegam ao templo com suas questões particulares e continuam freqüentando a instituição religiosa, muitas vezes tornando-se até mesmo membros efetivos dela?
— Falaste bem meu irmão, estes são os companheiros de jornada que, uma vez encontrando a cura para seus problemas, procuram agradecer ao Divino Criador pela graça recebida tornando-se curadores por meio da divina arte de curar pela prática da caridade. Entenda que eles encontraram a cura para aqueles problemas específicos que os afligiam, mas não para todas as enfermidades de seus espíritos, sejam elas de qual natureza forem.
— Estou entendendo.
— Isto significa dizer que todos os membros de uma casa de caridade, de certa maneira, são “doentes”, certo?
— Certo.
— Então isto quer dizer que todos devem freqüentar os templos não com o sentimento de ensinar, mas sim o de aprender, não é verdade?
— É verdade.
— Aprender como encontrar a cura para os demais problemas de sua vida e auxiliar o irmão, naquilo que lhe for possível, a encontrar a cura para as enfermidades que são inerentes a ele, correto?
— Sim.
— Somente assim é que se encontra a cura para os seus próprios problemas porque, afinal, é dando que se recebe, não é verdade?
— É verdade, mas foram os próprios irmãos do templo que freqüento que me elegeram o responsável pelas reuniões de estudo.
— Correto, mas você deve fazer destas sagradas reuniões momentos preciosos para, através da divulgação do conhecimento relativo às coisas de Deus, você ministrar pequenas doses de remédios que, posteriormente, possam fazer com que cada um se sinta animado a se curar de suas “doenças”. Você deve ministrar o conhecimento como um santo remédio que os levem a alcançar a cura de suas moléstias e a desejarem evoluir junto a Deus Pai Todo-Poderoso.
— Mas é isso que eu procuro fazer!
— Concordo que isso você até faz, mas não é verdade que depois você fica a observar a conduta de cada irmão com o intuito de verificar se suas palavras penetraram seus corações e os levaram a modificar seus comportamentos?
— É verdade.
— E como, no seu modo de ver, parece que as palavras não surtem o efeito desejado por você, é que tens desanimado em desempenhar esta santa tarefa, correto?
— Correto.
— Meu irmão, você veio aqui nesta noite pedir ajuda no intuito de encontrar maneiras de aprimorar e facilitar os estudos a fim de que os irmãos do templo que você freqüenta possam captá-los com maior facilidade. Não é isso?
— Perfeitamente.
— Mas acontece que se você mudar o seu modo de enxergar uma casa de caridade, verá que, na realidade, outro será o seu pedido.
— Como assim?
— Veja bem. Se você passar a enxergar uma casa de caridade como um hospital e não como uma escola, você deixará de ver a si mesmo como um professor e passará a ver um médico.
— E qual a diferença? Não entendi.
— É que a função de um professor realmente é a de ensinar os seus alunos a aprenderem as lições da melhor forma possível, sem desejar passar para o próximo conteúdo se o anterior não estiver bem apreendido. Não é assim?
— Exatamente.
— Já a função de um médico é ministrar as medicações e deixar que estas, por si só, possam fazer efeito no organismo da pessoa que se encontra com a saúde debilitada, a fim de que esta possa recuperá-la.
— Ainda não entendi.
— Meu irmão, após ministrar os seus conhecimentos, no momento das reuniões de estudo, comporte-se como o médico e procure deixar que suas palavras possam fazer efeito na vida de seus irmãos no ritmo e no tempo de cada um.
— Ah, agora entendi!
— Comporte-se como professor apenas no momento em que as lições estiverem sendo ministradas, lecionando com carinho, amor e desvelo e procurando sanar as dúvidas de seus irmãos aonde lhe for possível, correto?
— Correto.
— Mudando a sua forma de ver uma casa de caridade, você verá que não precisa de novas didáticas para exercer sua tarefa de ministrar conhecimentos relativos a Deus.
— Verdade?
— Sim. Você verá que, na realidade, precisa é de uma energia transmutadora na sua vida que lhe permita mudar a sua visão de um templo religioso e, consequentemente, o seu próprio papel no momento de ministrar os estudos relativos ao divino.
— Puxa, é verdade!
— Você precisa é ser banhado por uma energia transmutadora que possa renovar, em sua vida, o Divino sentido do conhecimento. Você deseja esta transmutação expansora em sua vida?
— Por favor, fique a vontade!
— Então, se concentre!
E, dizendo isto, a entidade fechou os olhos e esticou os seus dois braços à frente, ficando com as palmas das mãos voltadas em direção ao consulente. Neste instante eu vi uma cruz dourada “acender” na fronte da entidade, assim como também vi, simultaneamente, uma intensa claridade esverdeada a iluminar todo o seu peito e fluir pelos braços até concentrar-se nas palmas das mãos; e foi no exato momento que suas mãos se iluminaram com esta cor que a entidade as depositou na cabeça do consulente e este, após breves instantes, começou a estremecer todo o seu corpo e soltou um profundo suspiro para, logo após, sumir de minhas vistas.
Neste exato momento, antes que eu desse mais alguns passos à frente, eu escutei o Senhor Caboclo Sete Estrelas a se comunicar mentalmente comigo:
— Prezado companheiro os trabalhos da noite estão quase chegando a seu término, de forma que me sinto na obrigação de lhe informar que o próximo diálogo a ser escutado deverá ser o último desta noite, compreendido?
— Sim senhor!
— Então prossiga com seu trabalho.
Somente após escutar esta determinação foi que eu procurei andar mais um metro e meio a minha frente para presenciar um novo dialogo com novos personagens:
— Salve Jesus meu filho. Eu poderia fazer algo por você?
— Salve Jesus meu amigo. É que eu gostaria de lhe pedir uma ajuda para todos os irmãos pertencentes ao templo religioso que eu freqüento e, mais ainda e se possível, uma ajuda ainda maior para os irmãos que foram os fundadores desta instituição religiosa.
— Primeiro conte-me o que está acontecendo.
— Tudo bem. É que este templo religioso já tem quase trinta anos de existência, sendo que eu sou membro efetivo dele há quinze anos.
— Sim, prossiga!
— Então, é que desde quando comecei a freqüentar o templo até hoje os seus fundadores se comportam de uma forma muito fechada entre si.
— Como assim, meu amigo?
— É que os fundadores parecem não perceber, não sei se de forma intencional, que o espaço físico do templo e a quantidade de membros freqüentadores aumentaram consideravelmente ao longo destes quase trinta anos e, sendo assim, regras comportamentais e formas de trabalho que funcionavam de maneira perfeita no momento da fundação do templo, não necessariamente surtem o mesmo efeito no momento presente.
— E onde está o problema, meu amigo?
— O problema é que eu percebo que os fundadores do templo dispensam mais atenção aos membros mais antigos do que aos novos membros. Sendo que a conseqüência deste tipo de conduta é a migração constante de membros novatos para outros templos religiosos. Sei que as mudanças de templo no que diz respeito aos seus membros é um caminho até mesmo natural, mas não na proporção e no espaço curto de tempo em que isto ocorre lá no templo em que freqüento. O senhor poderia ajudar-me com este problema?
— Na verdade, qual é a ajuda que você realmente deseja?
— Eu gostaria que você ajudasse os fundadores do templo no sentindo de estar modificando suas condutas e adequando-as à época atual, renovando o espírito deles e fazendo com que dêem mais atenção aos membros novatos do templo; ou pelo menos a mesma atenção que eles dispensam aos membros mais antigos.
— É verdade que em qualquer instituição religiosa são os seus membros mais antigos que devem se aproximar dos membros novatos. Na realidade é sempre importante a apresentação destes novos membros a toda comunidade religiosa daquele templo., porque são atitudes como essas que propiciam uma maior interatividade e fazem com que estes membros novatos sintam-se verdadeiramente acolhidos e pertencentes, de fato, as suas respectivas casas de caridade. Entendo que se o membro novato não se sentir verdadeiramente acolhido, é um movimento natural o de ele desejar mudar para outro templo religioso.
— É verdade.
— Na realidade eu entendo a união e amizade que existem entre os membros mais antigos do templo, entretanto não se deve confundir tradição com conservadorismo radical.
— É exatamente como eu penso!
— Entretanto, não se deve obrigar os fundadores do templo que você freqüenta a deixarem de ser o que são. Entenda que a forma deles procederem não é por maldade, mas sim por que não sabem como procederem de forma diferente. Sei que você já abordou este assunto com eles e teve a nítida sensação de não ter obtido nenhum tipo de resultado. Não é verdade?
— Sim.
— Mas aí é que você se engana.
— Sério?
— Muito sério porque, veja bem, exteriormente parece que a conversa não adiantou nada, entretanto a semente plantada por você está a germinar nos corações destes membros fundadores.
— Verdade?
— Verdade, entretanto não se precipite. Lembra-se do ditado onde se afirma que “coração dos outros é terra que ninguém pisa” ?
— Lembro sim.
— Pois então entenda que a “terra” de que é feita o coração dos membros fundadores do templo é diferente da “terra” que forma o seu coração. Dê tempo ao tempo e você se surpreenderá com os resultados de sua semeadura.
— Para mim é uma noticia animadora.
— Para mim também, mas com o objetivo de estar lhe auxiliando a regar, a cada dia, o coração dos membros fundadores do templo em que freqüenta creio que devo lhe auxiliar imantando o seu espírito com a divina energia evolutiva.
— Energia evolutiva?
— Exatamente. É a energia que desperta nos espíritos o desejo de transmutarem conceitos errôneos e, assim, de buscar novos caminhos que os façam evoluir junto a Deus Pai Todo-Poderoso. Você deseja ser envolvido por esta energia divina?
— Certamente.
— Então, se concentre!
E, dizendo isto, a entidade fechou os olhos e esticou os seus dois braços à frente, ficando com as palmas das mãos voltadas em direção ao consulente. Neste instante eu vi uma cruz dourada brilhar na fronte da entidade, assim como também vi, simultaneamente, uma intensa claridade na cor violeta iluminar todo o seu peito e fluir pelos braços até concentrar-se nas palmas das mãos; e foi no exato momento que suas mãos se iluminaram com esta cor que a entidade as depositou na cabeça do consulente e este, após breves instantes, começou a estremecer todo o seu corpo e soltou um profundo suspiro para, logo após, sumir de minhas vistas.
Exatamente neste instante, antes que eu desse mais alguns passos à frente, pude escutar o Senhor Caboclo Sete Estrelas a se comunicar mentalmente comigo mais uma vez:
— Companheiro, sua tarefa chegou ao fim. Procure virar-se em direção ao mar e fazer o sinal da cruz em reverência a esta energia Divina e procure algum ponto aqui mesmo na praia onde você possa ficar isolado.
— Sim senhor!
Após saudar o mar e virar de costas eu dei aproximadamente uns setenta passos a frente e fiquei aguardando um novo contato mental que, por sua vez, não tardou em acontecer:
— Agora sente-se na areia do mar em posição de lótus e feche os olhos.
Após ter seguido todas as determinações o Senhor caboclo voltou a se comunicar:
— Muito bem, agora devido ao pouco tempo que temos antes do encerramento dos trabalhos desta noite e também devido a sua incontida curiosidade, eu devo dizer que recebi permissão do Alto para lhe conceder o direito de estar fazendo apenas três perguntas.
— Sim senhor!
— Pode começar!
— Obrigado pela oportunidade. Veja bem, pelo que pude perceber todas essas entidades à minha frente são falangeiras de Pai Oxalá que estão aqui esta noite para auxiliar líderes religiosos e pessoas membros de seus templos que lhe são intimamente interligadas. Penso que não são entidades da esquerda porque sinto que são vibrações distintas. Também percebo que não são entidades que assumem a forma de crianças quando incorporadas no terreiro e nem os Senhores Pretos-velhos; sendo assim, as entidades a minha frente só poderiam ser os Senhores Caboclos, mas só que eles não se comportam como se assim o fossem. Então minha primeira pergunta é: Quem são essas entidades?
— Você não os reconheceu?
— Não senhor.
— E se falassem mal a língua portuguesa e andassem curvados e vagarosamente, você saberia identifica-los?
— Meu Deus, são os Senhores Pretos-velhos? Mas eu nunca os vi assim plasmados desta forma!
— Para tudo tem uma primeira vez, não é companheiro?
— É verdade!
— Isto é para você sempre se lembrar de que, da religião que você professa, será sempre um eterno aprendiz. Compreende?
— Sim senhor!
— Então pode fazer a sua segunda pergunta.
— Na verdade agora eu entendo porque todos Eles decidiram se plasmar com roupas brancas tão singelas e também porque nos sete diálogos que presenciei, o conceito transmutação estava sempre sendo trabalhado com os consulentes. Veja bem Caboclo Sete Estrelas, acho que posso interpretar o brilho do símbolo da cruz e a coloração deste na fronte de cada entidade antes delas realizarem um trabalho em prol de algum consulente da seguinte forma: o símbolo é uma cruz porque é ela que representa a linha de trabalho dos Senhores Pretos-velhos, já a coloração dourada pode ser explicada por todas estas entidades encontrarem-se fatoradas ao Divino trono Oxalá. Depois eu gostaria que o senhor, se pudesse, confirmasse se minhas conclusões estão corretas porque, neste exato momento, eu gostaria de lhe perguntar o porquê da cor do brilho presente no peito de cada entidade, instantes antes delas praticarem a caridade em benefício dos consulentes, ser diferente para cada uma delas sendo que esta variação de cor perfaz o total de sete cores?
— Primeiramente devo lhe dizer que suas conclusões estão corretas. Já esta diferenciação de cores presentes no peito de cada entidade se explica pelo fato delas irradiarem “cores” captadas das linhas de umbanda onde os assistidos estejam mais necessitados. Então essas entidades captam momentaneamente essas energias e as irradiam em favor dos consulentes. Assim, quando você viu uma determinada entidade irradiar do seu peito uma coloração vermelha, significa dizer que você presenciou um preto-velho a captar momentaneamente a energia divina da vibração de Ogum e direcioná-la rumo ao consulente com o intuito de estar transmutando, na vida deste, conceitos, idéias e sentimentos errôneos no que diz respeito as suas crenças relacionadas ao divino e, também, e posteriormente, de estar ordenando em sua vida o divino sentido da fé.
— Fantástico e impressionante!!!
— Faça então a pergunta derradeira.
— Eu gostaria de saber, sem estar querendo questionar coisa alguma, porque havendo tantos pontos de força na natureza, justamente o mar sagrado foi escolhido pela espiritualidade como local para estarem sendo realizados os trabalhos desta noite?
— E eu posso lhe responder que os trabalhos desta noite, que por sinal já está quase virando dia, aconteceram na beira da praia para que os senhores Pretos-velhos pudessem aproveitar ao máximo a absorção da divina energia geradora que é proveniente e inerente ao mar sagrado a fim de que, assim que as transmutações tenham ocorrido nas vidas dos consulentes, novos conceitos da luz e do bem possam ser gerados em suas vidas e auxiliá-los na resolução de seus problemas. Entendido?
— Perfeitamente.
— Então agora abra os olhos lentamente e procure tomar a direção do mar. Quando estiver de frente a ele, procure adentrá-lo somente até onde as águas possam molhar o seu tornozelo, então, dê as costas para o mar e aguarde silenciosa e respeitosamente o momento em que todas as entidades cantarão um ponto que você deve ouvir se concentrando na divina energia do mar banhando os seus pés e penetrando em seu espírito a fim de que, quando você despertar no plano físico, possa guardar em sua memória não apenas a letra do ponto, mas também a melodia. Entendido?
— Sim senhor!
Ao dar as costas para o mar, pude ver uma cena que, juro, jamais esquecerei em minha vida:
Todos os Senhores Pretos-velhos estavam de mãos dadas, de olhos fechados e irradiando por todo corpo uma energia tão forte e dourada que mais pareciam estrelas do céu depositadas pela misericórdia Divina a beira-mar a fim de iluminarem nossas vidas. Eu procurei segurar o meu pranto, mas na hora exata que eles começaram a entoar o ponto não houve como segura-lo. Chorei feito criança quando vê pela primeira vez toda beleza e majestade do mar, entretanto procurei recordar a determinação do Senhor Caboclo Sete Estrelas em relação a concentração para guardar o ponto em minha memória quando despertasse no plano físico e tentei serenar minhas intensas emoções. Minha tentativa surtiu efeito e eu pude escutar os Senhores Preto-velhos cantarem assim:


Estrela que brilha no céu,
estrela que brilha na paz,
estrela que brilha no mundo
é a luz de Oxalá.




Saravá a Deus Pai Todo-poderoso!!!!
Saravá a Pai Oxalá!!!!
Saravá aos Senhores Pretos-velhos!!!
Saravá à força do mar sagrado!!!!
Mensagem do Sr. Caboclo sete Estrelas recebida em 27/10/2007

terça-feira, 24 de maio de 2011

Amigos Ciganos

Muitos de nós sabemos histórias sobre o povo cigano.

Alguns de nós inclusive já ouvimos histórias contadas com o objetivo de afastar-nos o máximo possível “deste tipo de gente”: ciganos roubam crianças e os pertences de outras pessoas, mulheres ciganas seduzem os maridos de mulheres direitas, mulheres ciganas fazem magias para o mau, etc.

Curiosamente também ouvimos histórias sobre pessoas negras, pobres, gays, entre outras minorias discriminadas através das gerações.

Pensando um pouco no mundo em que vivemos é importante que saibamos que ainda existem ciganos por aí, sofrendo muitos preconceitos. Quem sabe um destes não seria um de nós mesmos? Ainda somos discriminados por sermos Umbandistas. Que temos de tão diferente? Divulgam por aí histórias que “macumbeiros sacrificam crianças”, “mulheres macumbeiras usam feitiço para roubar o marido de mulheres direitas”, “macumbeiros fazem feitiço para o mau”. Acredito que temos muito mais em comum com o povo cigano do que um dia pudemos imaginar.

Um povo com tantas semelhanças com a Umbanda não poderia ter encontrado seara mais adequada para o trabalho espiritual, pois desde os primórdios o povo cigano já acreditava na comunicação com forças astrais, na manipulação dos elementos da natureza e na força da oração.

Hoje em dia não são todas as casas Umbandistas que realizam giras de povo cigano. Algumas até chamam ciganos junto com os exus, o que não é adequado uma vez que o trabalho dos ciganos do oriente, por exemplo, demanda manipulação de energias diferentes daquela usada pelos exus para o trabalho espiritual. Porém as casas que estão abertas a esse tipo de trabalho único encontram muita satisfação em tê-los como parceiros na evolução espiritual e tratamento de seus consulentes.

A diferenciação do trabalho também se expressa na diferenciação da manifestação. Muitos ciganos trabalham com uma incorporação muito suave. Outros trabalham ainda intuindo seus médiuns, tanto dentro quanto fora do terreiro. É inclusive motivo de angústia para alguns médiuns toda essa sutileza, pois muitas vezes se perguntam de onde estes pensamentos e ações estariam vindo.

Temos muito que aprender com o povo cigano.

O valor da liberdade. Ela é tão poderosa que nem mesmo a morte é capaz de detê-la.

O valor do respeito. Os mais velhos são os mais sábios.

O valor da alegria. A música e a dança embalam noites de nascimentos e de mortes nos acampamentos. Todas as fases da vida devem ser celebradas.

O valor da comunidade. Devemos estar unidos pelo que acreditamos e partilhar o que temos.

O valor da desconfiança. Não devemos nos entregar por inteiro a partir de um sorriso. Devemos sorrir de volta, mas sempre observando para saber o que está por vir.

O valor da magia. Não me refiro à magia enquanto branca ou negra, mas sim enquanto forma de manipulação de elementos dados a nós pelo criador. Elementos estes que estão repletos de energia do universo que pode ser usada para nos ajudar.

Toda essa sutileza me faz lembrar que os ciganos são o povo do vento.

O vento sopra livre na copa das árvores, possui elementos que alimentam o fogo, porém também pode apagá-lo, pode passar sem ninguém ver, mas não passa sem se fazer sentir. O vento traz perfume, traz fumaça para nos alertar, e quando pára de soprar... nos sufoca.
Não consigo mais ver a Umbanda sem os amigos ciganos.

Salve sua linda falange.

Arriba povo cigano!

Optchá!


Por Minha Esposa, Amiga e Irmã: Roberta Pereira de Paula da Cigana Dara. Obrigado Irmã, por nos presentear com esse belíssimo Texto!

Hoje é Dia de Santa Sara - Protetora do povo Cigano - 24 de Maio

 Salve Santa Sara Kali!
☆★☆ Santa Sara Kali ☆★☆

Protetora do Povo Cigano

Oração a Santa Sara Kali

Tu que és a única Santa Cigana do mundo.
Tu que sofrestes todas as formas de humilhação e preconceitos.
Tu que fostes amedrontada e jogada ao mar
Para que morresses de sede e de fome.
Tu sabes o que é o medo, a fome, a mágoa e a dor no coração
Não permitas que meus inimigos zombem de mim ou me maltratem.
Que Tu sejas minha advogada perante a Deus.
Que Tu me concedas sorte, saúde e que abençoe a minha vida.
Em Deus. Por Deus.
Amém!


Algumas Curiosidades sobre os Ciganos:

Bandeira Cigana 


A Bandeira como está foi instituída como símbolo internacional de todos os ciganos do mundo no ano de 1971, pela International Gypsy Committee Organized, no First World Romani Congress( primeiro congresso mundial cigano), realizado em Londres.
Seu significado:
A roda vermelha no centro simboliza a vida, representa o caminho a percorrer e o já percorrido, a tradição como continuísmo eterno, se sobrepõe ao azul e ao verde com seus aros representando a força do fogo, da transformação e movimento.
O Azul:
Representa o céu, os valores espirituais, a paz, a ligação do consciente com os mundos superiores, significando a libertação e a liberdade.

O verde:
Representa a mãe natureza, a terra, o mundo orgânico (subterrâneo), a força e a luz do crescimento vinculado com as matas, com os caminhos desbravados e abertos pelos ciganos. Representa o sentimento de gratidão e respeito pela terra, o que ela nos oferece, de preservação pela natureza. Simboliza também a relação de respeito por tudo que ela nos oferece proporcionando a sobrevivência do homem e a obrigação de ser respeitada pelo homem que dela retira seus suprimentos, devendo mantê-la defesa.
Destarte é claro hoje que o Povo Cigano foi vítima de preconceitos injustos e sem fundamento, em vista de seus hábitos de vida, roupagens e cerimoniais, entretanto, jamais se teve notícias de que houvessem provocado qualquer desajuste social ou entre nações ou deles participado, pela sua própria característica de ser um povo alegre, festeiro, amante da natureza e altivo, um povo orgulhoso de sua raça a ponto de contagiar aqueles não ciganos com sua graça e simpatia. Um povo que ao longo do tempo demonstrou muita sabedoria e união, caso contrário não os teríamos ainda presentes entre nós.
Vítimas de perseguição e injustiças destaca-se entre elas o ocorrido na segunda guerra mundial, onde milhares de ciganos foram recolhidos aos campos de concentração e desapareceram, acreditando-se que muito embora não se tenha dados fidedignos de números e quantidades, deve estar em torno ou por volta de dois milhões de ciganos desaparecidos na ocasião.
Hoje já se tem no Brasil a exemplo da Europa e do mundo o Instituto de Defesa dos Direitos da Etnia Cigana entre outros, que pretende agregar os Irmãos ciganos e não ciganos na compreensão de se fazer valer os direitos e garantias atinentes ao Povo Cigano, desejando combater pacifica e legalmente a discriminação, preconceitos e assim por diante. Bem como promover uma melhor comunicação e conhecimento a respeito, reivindicando benefícios e direitos em geral.


Baralho Cigano 

                                   

A origem das cartas do Baralho Cigano permanece na obscuridade e se perde nos tempos.
Muito se tem dito sobre como surgiu o primeiro Baralho Cigano, mas fico com a versão de alguns pesquisadores que afirmam que as primeiras cartas ciganas surgiram nas mãos de Madame Lenormand, senhora da corte européia no século VIII, nascida em Alençon na França no ano de 1772.
Madame Lenormand foi muito conhecida pelas suas predições aos homens da corte, entre eles Napoleão Bonaparte, ao qual ela previu sua ascensão e queda. Tinha contato constante com ciganos europeus, aprendendo com eles a arte de ler as Cartas Ciganas. Posteriormente, fez uma adaptação do "exótico" baralho usado por ciganos para a nossa realidade não cigana, representada por figuras do nosso cotidiano e introduzindo nestas cartas as figuras do baralho de naipes.
Assim estas cartas passaram a ser utilizadas não somente pelos que não eram ciganos, mas também pelas mulheres ciganas. Atualmente existem diversos tipos de Baralhos Ciganos no mercado, assim como um vasto material sobre cartas que poderão ser muito úteis àqueles que se interessarem e que desejam se aprofundar no assunto.
Felizmente podemos acessar informações que permaneceram anteriormente obscuras devido a tabus, preconceitos e mesmo perseguições. E o ato de oracular é uma destas informações.
Sendo as cartas um instrumento sagrado, deve ser respeitado e requer cuidados especiais ao utilizá-lo como instrumento de trabalho.
É interessante salientar que nos símbolos das cartas do Baralho Cigano está inserida a energia dos Orixás onde encontramos Yemanjá na carta 3 - O Navio; Oxôssi na carta 5, A Árvore; Iansã na carta 6 - As Nuvens; Oxumaré na carta 7- A Cobra; Nana na carta 9- O Ramalhete; Obaluayé na carta 10 - A foice; Êre na carta 13, A Criança; Ossayan, na carta 20- As Ervas; Xangô na carta 21 - O Morro; Ogum na carta 22 - Os caminhos, Oxum na carta 30 - Os Lírios e Oxalá na carta 31 - O Sol.
              Desta forma é possível conhecermos Os Orixás (que são energias vibratórias da natureza) que o consulente está sob a proteção.


 
AS SETE FILOSOFIAS CIGANAS
1- FELICIDADE - Um campo aberto, um luar, um violão, uma fogueira, o canto do sabiá e a magia de uma cigana.

2- ORGULHO - É saber que nunca participamos de guerras e nunca armamos para matar nossos semelhantes. Somos os menestréis da paz.

3- AMOR - Amar é vivermos em comunidade, é repartir o pão, nossas alegrias e até nossas aflições.

4- LEALDADE - É não abandonar nossos irmãos quando precisam. É nunca negar o ombro amigo, a mão forte e o incentivo à vida.

5- RIQUEZA - É termos o suficiente para seguirmos pela estrada da vida.

6- NOBREZA - É fazermos da humilhação um incentivo ao perdão.

7- HUMILDADE - É não importar-se em ser súdito ou nobre, importar-se apenas em saber servir.


SÍMBOLOS CIGANOS
 
 
CORUJA - Simboliza segurança. É usada para trazer segurança e equilíbrio no plano físico, financeiro, e para se livrar de perdas materiais.





CHAVE - Simboliza as soluções. É usado para atrair boas soluções de problemas. O símbolo da chave quando trabalhado no fogo costuma atrair sucesso e riquezas.



ESTRELA DE 5 PONTAS - Simboliza evolução. É usado para proteção, além de estar associada à intuição, sorte e êxito. A estrela representa o domínio dos cincos sentidos. Também conhecida como o Pentagrama.



ESTRELA DE 6 PONTAS - Simboliza proteção. É usada como talismã de proteção contra inimigos visíveis e invisíveis. Também conhecida como Estrela Cigana e Estrela de David. A Estrela Cigana é o símbolo dos grandes chefes ciganos. Possui seis pontas, formando dois triângulos iguais, que indicam a igualdade entre o que está a cima e o que está a baixo. Representa sucesso e evolução interior.


FERRADURA - Simboliza energia e sorte. É usada para atrair energia positiva e boa sorte. A ferradura representa o esforço e o trabalho. Os ciganos têm a ferradura como um poderoso talismã, que atrai a boa sorte, a fortuna e afasta a má sorte.



LUA - Simboliza a magia e os mistérios. Usada geralmente pelas ciganas, para atrair percepção, o poder feminino, a cura e o exorcismo atentando sempre as fases: nova, crescente, cheia e minguante. A lua cheia é o maior elo com o sagrado, sendo chamada de madrinha. As grandes festas sempre acontecem nas noites de lua cheia.



MOEDA - Simboliza proteção e prosperidade. Usada contra energias negativas e para atrair dinheiro. A moeda é associada ao equilíbrio e à justiça e relacionada à riqueza material e espiritual, que é representada pela cara e coroa. Para os ciganos, cara é o ouro físico, e coroa, o espiritual.



PUNHAL - Simboliza a força,o poder, vitória e superação. É muito usado nos rituais de magia, tem o poder de transmutar energias. Os ciganos também usavam o punhal para abrir matas, sendo então, um dos grande símbolo de superação e pioneirismo, além da roda. O punhal também é usado na cerimônia cigana de noivado e casamento, onde é feito um corte nos pulsos dos noivos, em seguida o pulsos são amarrados em um lenço vermelho, representando a união de duas vidas em uma só.



RODA - Simboliza a Samsara, representando o ir e vir, o circular, o passar por diversos estados, o ciclo da vida, morte e renascimento, e é usada para atrair a grande consciência, a evolução, o equilíbrio. A roda é o grande símbolo cigano, que é representado pela roda dos vurdón que gira.



TAÇA - Simboliza união e receptividade, pois qualquer líquido cabe nela e adquire sua forma. Tanto que, no casamento cigano, os noivos tomam vinho em uma única taça, que representa valor e comunhão eterna.



TREVO - É o símbolo mais tradicional de boa sorte. Trevo de quatro folhas: traz felicidade e fortuna. Quando se encontra um trevo de quatro folhas na natureza, pode-se esperar sempre boas notícias.




ÂNCORA - Simboliza segurança. É usado para trazer segurança e equilíbrio no plano físico, financeiro, e para se livrar de perdas materiais.









     Sandra Rosa Madalena


 Em 1979, o então estreante cantor Sidney Magal lançou um filme: "Amante Latino", dentre as canções, havia uma em que o verso falava: "...Quero vê-la sorrir,quero vê-la cantar, quero ver o seu corpo dançar sem parar..."
A musica falava de Sandra Rosa Madalena, uma cigana que mexia com o imaginário masculino...
Mas quem foi Sandra Rosa Madalena? Existiu? Onde nasceu?
Fiz 1 semana de pesquisa sobre o tema.
Todos dizem haver várias lendas, mas só achei uma que será postada abaixo.
Também não há registro da fonte...
Se alguém souber, por favor me avise que ponho os créditos!

Lenda Sandra Rosa Madalena

Foto Cigana: Pintura Mediúnica Maria do Carmo da Hora
                                            
Há muitos anos atrás em Sevilha, num acampamento cigano, nasceu uma menina chamada Sandra Rosa Madalena.
Ela cresceu com beleza e primor, até que um dia um conde casado a seduziu.
O acampamento cigano, ao descobrir que ela estava grávida a expulsou de sua tenda, pois a cultura cigana não admite mães solteiras e suas mulheres precisam casar virgens.
Então em busca de abrigo ela procurou o conde, que com medo de escândalos, mandou matar esta pobre moça.
Algum tempo depois, algumas ciganas do acampamento começaram a orar pela alma de Sandra, que começou a aparecer nos sonhos do seu povo.
Um certo dia, uma cigana ao ver a sua filha doente, rezou para que a alma de Sandra ajudasse a curar esta criança e o milagre foi feito.
Após este acontecimento, o espírito de Sandra Rosa Madalena começou a fazer vários milagres para o seu povo.

Namastê



         Fonte: http://fatimadlarossa.blogspot.com/

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